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Brasil tem potencial para irrigar 55 milhões de hectares destinados à agropecuária

Especialistas e lideranças do agro debateram a realidade da irrigação no país e os caminhos para ampliá-la

De acordo com estudos feitos pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), o Brasil tem potencial de irrigar mais 55 milhões de hectares destinados à agropecuária. No entanto, os desafios ainda são grandes neste setor e o tema foi debatido em evento online nesta terça, 15, pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Especialistas e lideranças do agro debateram a realidade da irrigação no país e os caminhos para ampliá-la. Atualmente, apenas 8 milhões de hectares no Brasil são irrigados, o que representa 3% da área plantada no país.
“Temos quase 56 milhões de hectares de potencial físico-hídrico. Ou seja, áreas que já são antropizadas com agropecuária. Já são áreas agrícolas de sequeiro ou são áreas de pastagens, onde há uma disponibilidade hídrica potencial para instalação de agricultura irrigada. Esse potencial é enorme, mas ele não é total. Os 56 milhões de hectares são muito relevantes, mas a gente não conseguiria irrigar nem toda área agrícola e nem toda área de pastagem brasileira”, disse Thiago Fontenelle, coordenador de estudos setoriais da Agência Nacional de Águas (ANA).

Ainda segundo Thiago, até 36% da área agrícola atual poderia ser irrigada e até 15% da área de pastagem. “Isso mostra que nós temos um potencial gigantesco, importante, maior do mundo, mas que é preciso organizar essa expansão pras áreas mais aptas, para que o produtor tenha segurança hídrica e produtiva e haja uma compatibilização com os demais usos da água”, disse.

O Atlas Da irrigação também traz projeções para 2040, continua Thiago. “Lá nós temos um cenário entre 4,2 milhões de hectares e 6 milhões de hectares de crescimento até 2040. Ou seja, bem aquém do nosso potencial total, mas que é uma área factível e que pode ser acelerada de acordo com políticas públicas e demandas que travam o desenvolvimento maior do setor”.

Para avançar na tecnologia, foi lançado no evento a Rede Nacional de Irrigantes, formada por representantes de polos de irrigação, associações de irrigantes e nichos produtivos. O objetivo é traçar estratégias sobre o tema e dos desafios para a ampliação.

“[É preciso melhorar] a logística com acesso à propriedade para aporte de insumos e escoamento da produção, é preciso aumentar a oferta de energia elétrica e o incentivo à geração por fontes alternativas. Melhor distribuição em qualidade e quantidade com políticas de tarifas de energia e ampliação dos horários com desconto. Quanto ao licenciamento ambiental, há dificuldades em se fazer a intervenção nos cursos da água para promover a preservação”, disse o presidente da CNA, João Martins.

Em Brasília, o assunto é visto como uma das prioridades do setor agro. Soluções são discutidas entre os poderes.
“É extremamente importante nós avançarmos nestes dois projetos, tanto o de interesse social que é o proponente o deputado Zé Vitor, como também esse de utilidade pública, que é para aumentar a agilidade nos processos de barramento. O que é o barramento? Muitas vezes as pessoas não entendem, mas é como segurar as águas da chuva, quando você tem um período chuvoso maior, você reter essa água utilizando ela de forma racional durante os períodos mais escassos. Então, é extremamente importante nós termos essa variação”, falou o deputado federal José Mario Schreiner (DEM-GO).

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também falou da importância da expansão da agricultura irrigada. “Tem aumento da produtividade, da renda do produtor, geração de empregos, fortalecimento das cadeias produtivas, controle da inflação, ampliação das exportações, aumento do PIB e várias outras consequências positivas em cadeia”.