RS precisa de R$ 1,6 bilhão para melhorar energia no campo

Governo do Estado vai elaborar um plano de eletrificação para o meio rural, onde 60% das propriedades são monofásicas e a rede tem mais de 30 anos de funcionamento

Fonte: Juarez Junior / Agência ALRS

No interior do Rio Grande do Sul, famílias têm enfrentado diariamente problemas com a má qualidade da distribuição de energia. Além da produção agrícola, atividades básicas do dia a dia também ficam prejudicadas. Em busca de alternativas pra mudar essa situação, lideranças políticas e empresas de energia elétrica do estado se reuniram em Porto Alegre nesta segunda-feira, dia 6.

A intenção é criar um projeto com participação do governo federal, estadual, empresas, municípios e produtores a fim de melhorar a distribuição de energia elétrica no interior. Para o secretário da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, a precariedade da rede limita o crescimento do agronegócio.

– Hoje a falta de energia elétrica, especialmente no meio rural, é um fator limitador para a expansão da agropecuária gaúcha e brasileira. Nós falamos de crescimento na bacia leiteira, na suinocultura, na avicultura, na irrigação, todas são atividades dependem de energia elétrica. Entendemos que isso não é um gasto do governo, é um investimento. No momento que se disponibilizar mais energia elétrica, consequentemente o setor agropecuário vai responder com mais produção, e o governo arrecada mais – analisa Polo.

O secretário de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, Lucas Redecker, anunciou a elaboração de um plano de eletrificação rural trifásica para o Rio Grande do Sul, com custo estimado em R$ 1,6 bilhão, integrado com a secretaria da Agricultura e que será viabilizado através da busca de financiamento externo.

O presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, deputado estadual Adolfo Brito (PP), acredita que, para se ter avanços, é preciso um esforço conjunto entre as secretarias de Estado, a Comissão de Agricultura e a Assembleia Legislativa para viabilizar um projeto que atenda à demanda dos produtores.

Idealizador do evento, Brito fez um relatório de diversas ações já empreendidas para buscar melhorar a qualidade da energia no meio rural, onde 60% das propriedades são monofásicas e a rede, com mais de 30 anos de funcionamento, tem precariedades na qualidade da distribuição, quedas de fase, postes deteriorados, frequentes interrupções de energia e danos materiais constantes em eletrodomésticos e equipamentos como ordenhadeiras, no caso dos produtores de leite, e estufas, no caso dos produtores de fumo.

Brito sugere reforço do programa do governo federal Luz para Todos, que, desde 2003, atende o meio rural, com a substituição das redes monofásicas pelas bifásicas ou trifásicas. Por meio do programa Energia, Qualidade que o Brasil precisa, para renovar e melhorar a situação atual, o deputado propõe investimentos com a utilização de 50% de recursos da União através do fundo energético, 30% das empresas distribuidoras de energia, 5% do Estado e a participação de 15% dos produtores.

Para o representante do Ministério de Minas e Energia Paulo Cerqueira, que o ponto que precisa ser melhorado é a distribuição, de responsabilidade das empresas.

– O governo federal pretende que a ação seja mais voltada para a distribuidora. Acho que o momento exige que o sistema de distribuição aqui seja reforçado. O Rio Grande do Sul já foi bastante atendido pelo Programa Luz para Todos, praticamente todos os produtores têm acesso à energia elétrica. O que eles precisam agora é da melhoria da qualidade – diz Cerqueira.