Os produtores de café de Minas Gerais estão aproveitando a alta nos preços para negociar e as altas no valor da saca do café arábica já atingiram 40% no estado. Na semana passada, o cafeicultor Gil Cesar de Melo comercializou 1,2 mil sacas de café arábica e acredita que fez um bom negócio, já que, em alguns momentos, os valores chegaram a R$ 645.
“Geralmente, eu costumo fazer no mercado futuro até 50% do meu volume e isso foi feito anteriormente a preços não muito bons. Durante a safra, eu comercializei mais 25% e ainda deixei o restante porque acredito que o mercado pode causar uma surpresa positiva para frente”, avaliou.
Nos últimos dias, muitos produtores como Melo estão aproveitando o momento de alta nas cotações do café para negociar. O responsável pelas vendas da principal cooperativa do Cerrado mineiro afirma que os preços estão acima dos valores históricos da região. “O mercado nos últimos dias está com alta expressiva, principalmente pela questão do dólar, e os produtores estão vindo para o mercado. Tem gente pagando até acima de R$ 600; o produtor está sendo bem remunerado”, disse João Ferreira Júnior, trader da Expocaccer.
Influência do conilon
De acordo com os dados da consultoria Safras & Mercado, o preço do café arábica fino no Cerrado mineiro está até 16,5% maior que no mesmo período de 2015. Um dos motivos que levaram à alta nos preços do arábica foi a queda na produção do café conilon, já que o Brasil encerrou a safra 2016 com pouco mais 8,3 milhões de sacas da variedade, 25% a menos em relação ao ciclo anterior. No Espírito Santo, um dos principais produtores de café conilon do país, o volume ficou 30% abaixo do esperado por conta da seca.
No caso do café conilon, a baixa oferta fez os preços atingirem patamares recordes no mercado. Segundo a Safras & Mercado, a saca de 60 quilos já subiu mais de 39% em relação ao ano passado, ultrapassando R$ 550.
Para os próximos meses, a expectativa é que os preços do arábica continuem firmes no mercado. A Expocaccer, principal cooperativa do Cerrado mineiro, já trabalha com volume de produção menor na próxima safra. “Neste ano produziu bastante, então, no próximo a planta nós já trabalhamos com números bem menores. A expectativa para o Cerrado é um número de 20% até 30% menor do que produziu este ano, mas é um bom número, porém, sem armazém cheio como tivemos agora”, concluiu João Ferreira Júnior.