Os preços do milho no mercado doméstico devem ter uma queda significativa em 2017 na comparação com 2016, com a recuperação da produção do cereal na safra 2016/17. “Isso vai trazer para baixo os preços do leite, suínos e outras proteínas”, disse o analista e agrônomo da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros, que participou do Encontro de Analistas da Scot Consultoria, em São Paulo. O milho é um dos principais insumos da ração animal.
Barros afirmou que a MB Agro revisou para baixo o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país de 2% para 1% no próximo ano. Um dos motivos é a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, que provocou forte desvalorização no real ante o dólar – a moeda já recuou cerca de 7% desde o último dia 8 de novembro, dia da eleição. Com relação ao PIB da agropecuária, o analista é mais otimista, avaliando que o desempenho “pode surpreender”, mas sem projetar número.
Conforme Barros, a mudança no câmbio deve desacelerar a queda da inflação no país e consequentemente o corte das taxas de juros. “O que acontecer no Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) nos afeta imediatamente. Se subir lá, sobe aqui”, afirmou. O Fed tem sinalizado que vai aumentar as taxas de juros no próximo mês. “O Brasil não vai ter juro real muito abaixo de 5%”, garantiu Barros.
Apesar desse imprevisto, a indústria de alimentos deve sair da recessão na frente em relação a outros setores do país, durante o processo de recuperação econômica, avaliou. “O desemprego, por exemplo, é algo que afeta diretamente o consumo de carne bovina”, afirmou. Ele comentou, ainda, que quando esta situação começa a se inverter, o consumo volta primeiro para produtos básicos, como alimentos.