O glifosato, um dos produtos mais utilizados na agricultura brasileira, tem pesado na conta do produtor rural em 2017, já que está 144% mais caro em comparação com outros países. Com essa pressão, algumas culturas como soja e arroz sofrem um pouco mais por causa do custo de produção.
O composto químico é o principal aliado do produtor para eliminar ervas daninhas, especialmente as que competem com as culturas. Segundo o produtor de arroz Luiz Carlos Machado, é impossível trabalhar sem a presença do glifosato. “Se tirar ele, a humanidade passa fome. É um defensivo extremamente importante na propriedade”, contou.
Apesar dessa necessidade, o produtor não acha justo pagar mais que o dobro do que os produtores rurais uruguaios, por exemplo. “Se tivéssemos a opção de buscar fora, nós poderíamos tranquilamente estar competindo com os outros países do mercosul, porque o nosso problema não é o preço e sim o nosso custo de produção, que precisa diminuir”, disse.
De acordo com o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, várias exigências aumentam ainda mais o custo de produção do brasileiro, como a obrigatoriedade de pedido de anuência para o Ministério da Agricultura, para o Ibama e o pedido de licença de importação, que inclui uma série de impostos.
No Uruguai, por outro lado, o produtor paga US$ 2 por litro de glifosato contra US$ 4,87 pagos no Brasil. Segundo um estudo feito pela Fetag, existem diferenças importantes com outros países como a França, onde é permitido importar produtos de países que ficam fora da União Europeia. “O que acontece no Brasil não é culpa do Mercosul ou das empresas, é culpa do próprio Brasil que não permite a entradas desse insumo vindo do mercosul, mas permite que os grãos produzidos pelo bloco entrem”, falou Antônio da Luz.
Na última compra, o produto Luiz pagou R$ 12,80 pelo litro do glifosato. Em cada hectare, ele usa em média quatro litros, o que significa um custo de pelo menos R$ 51 reais por hectare. Quando ele faz rotação entre soja e arroz, no entanto, precisa aplicar até sete vezes o produto. “O produtor vai refletir e, se nada for feito, eu acredito que a lavoura arrozeira vai diminuir cada vez mais no estado. Eu acho que produzimos melhor em termos de qualidade e quantidade se comparado a outros países de primeiro mundo”, relatou.