A alta de 48,31% registrada pelo dólar até o momento elevou em 20% o valor pago pela indústria ao produtor pela caixa de 40 quilos de laranja, o melhor valor praticado nos últimos quatro anos.
Em muitas unidades beneficiadoras, a cotação paga pelas empresas, que transformam a fruta em suco para exportação, ficou mais alta que o praticado no mercado interno. Como muitos contratos de venda foram fixados na moeda americana, a indústria está exigindo uma renegociação dos preços.
– A indústria fechou contratos até em níveis superiores ao que está sendo praticando agora, mas posteriormente chamou o produtor e o obrigou a renegociar. Então teve produtor que vendeu a US$ 5 que foi obrigado a renegociar para US$ 4,80, até para menos – diz Emílio Fávero, sócio-proprietário de uma empresa de beneficiamento em Engenheiro Coelho, região metropolitana de Campinas, interior de São Paulo.
A sua companhia vende 1,5 milhão caixas de laranjas e tangerinas por ano, a maior parte para o mercado interno. Ele disse que ainda não foi procurado pelo principal cliente para renegociar os preços, por isso aproveita a boa fase para agregar valor ao produto, mudando inclusive o processo de triagem da laranja.
– No ano passado, eu fazia uma classificação em torno de 10%. Esse ano, como a indústria está pagando mais, eu estou descartando cerca de 30% da laranja que chega. Eu estou tentando trazer uma qualidade melhor para o mercado, estou tentando aproveitar mais para indústria. Essa é a mudança que nós acabamos fazendo – afirma Fávero.
O aumento no preço da caixa tende a fazer a produção brasileira de laranja retomar fôlego no ano que vem. Com a boa remuneração em 2015, o produtor deve voltar a investir em replantio e novas tecnologias.
– Se os preços se mantiverem bons no ano que vem e a minha previsão é que isso aconteça aí vai voltar a ter investimento em novos plantios, em compra de máquinas e aí sim a vida pode voltar a ser uma vida melhor para o citricultor no Brasil – diz o analista de mercado Maurício Mendes.