Depois de seis meses de altas consecutivas, o preço do leite pago ao produtor registrou queda em setembro, principalmente no Sudeste e no Sul do país. A baixa demanda pelo produto no mercado interno motivou o recuo, que veio em uma péssima hora para o produtor. Um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o Cepea, aponta que, em setembro deste ano, o preço do leite recebido pelo produtor brasileiro caiu 1,2% em relação ao mês anterior. Na comparação com setembro de 2014, a desvalorização do produto foi ainda mais acentuada, de 9,9%, em termos reais.
Segundo Vagner Hiroshi, analista de mercado do Cepea, o Sul está produzindo bastante leite, e a captação também deve crescer no Sudeste e no Centro-Oeste. “Paralelo a isso, temos também a demanda enfraquecida, trazendo muitos impactos com relação aos derivados. Isso está puxando os preços para baixo.”
Em uma fazenda de Joanópolis, quase na divisa de São Paulo com Minas Gerais, o recuo do preço pago pelo litro do leite foi ainda maior. Pelos cálculos do produtor Francisco Nogueira Dias, desde julho deste ano, o valor do litro já despencou 10%. “O preço estava muito bom até a metade do ano, mas nossa expectativa foi por água abaixo. E vai piorar com as férias escolares, que afetam muito o consumo. Então vai chegar janeiro e fevereiro, e o preço vai lá pra baixo novamente”, diz.
Com a expectativa de baixa demanda, o produtor e os funcionários da fazenda fazem uma verdadeira força tarefa para reduzir os custos de produção, que dispararam desde o início do ano.
“Farelo de soja e milho subiram praticamente 30,40% nesses últimos dois meses. Hoje praticamente todo meu lucro está indo embora.”
Com rendimento em baixa e custos de produção em alta, muitos produtores têm vendido parte do rebanho para equilibrar as contas. Na fazenda de Francisco Nogueira Dias, nos últimos dois meses, 10 animais considerados de menor capacidade produtiva foram negociados.
“A produção de leite é complicada porque você não tem como falar que vai parar agora, ou vai esperar mais um mês. A produção é diária. Então a gente tem buscado baixar custo e levar até onde dá”, conclui o produtor.