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Preços do leite devem sofrer pressão de baixa em 2015

Preço pago ao produtor teve forte oscilação durante este anoMotivo é aumento nos estoques das indústrias e nas exportações dos Estados Unidos e Oceania, dois importantes produtores mundiais de leite.

No primeiro semestre de 2014 a forte especulação por conta da falta da chuva atingiu importantes bacias e causou oscilação nos preços do leite. Já os esquemas de adulteração do produto no Sul do país e a falta de fiscalização nos laticínios revoltou os produtores.Para o mercado de leite 2014 foi um ano de instabilidade econômica. No primeiro semestre a forte especulação por conta da falta da chuva atingiu importantes bacias leiteiras e causou oscilação nos preços.

Na fazenda de Luiz Carlos Rodrigues, no Triângulo Mineiro, o produtor recebeu no primeiro semestre deste ano cerca de R$ 1,24 por litro. Mas no segundo semestre o preço pago pelo produto teve queda de quase 13%, enquanto o custo de produção passou de R$ 0,70 para R$ 0,85. A fazenda produz cerca de 2.500 litros de leite por dia.

– O preço não pode abaixar dos patamares de R$ 1,00 porque aí fica um pouco apertada a atividade. Mas, dentro daquilo que a gente recebeu na média do ano, ainda é uma atividade que tem margem para você trabalhar nela. Nós temos que fazer nosso dever de casa da porteira para dentro, da porteira para fora nós somos tomadores de preços – avalia Rodrigues.

A queda no preço do leite é consequência do aumento da oferta. Os investimentos em sanidade, genética e nutrição feitos em anos anteriores aumentaram entre 5% e 12% a produção nas principais bacias leiteiras do país. Além disso, houve aumento nos estoques das indústrias, principalmente de leite longa vida e leite em pó. Para 2015, as perspectivas são de mais pressão de baixa.

– A gente finaliza esse segundo semestre de 2014 com uma pressão de baixa no mercado internacional. Oceania aumentando a produção como maior exportador de lácteos; e os Estados Unidos, outro importante produtor de leite, aumentando a participação nas exportações. Então 2015 é um ano de cautela e incerteza, principalmente com relação ao crescimento da demanda em relação à oferta, que tem aumentado nos últimos anos – aponta o analista da Scot Consultoria Rafael Ribeiro.

Para aliviar um pouco o bolso do produtor, os custos de produção subiram pouco nos últimos meses já que a expectativa de recorde na safra reduziu os preços dos grãos. O milho teve queda média de 1,5% na comparação com 2013. O farelo de soja também recuou com o cenário positivo para a produção norte-americana e a perspectiva de aumento de produção no Brasil.

– Em novembro os preços subiram em função de especulação, atraso no plantio do Brasil, atraso na colheita dos Estados Unidos, mas o cenário ainda é de grande oferta mundial de milho e de soja. A médio e longo prazo, acredito que a expectativa é de queda nos preços, ou seja, para 2015 nós falamos em um cenário de preços mais baixos nos custos de alimentação, que têm um peso grande na pecuária. Mas, como em 2014, é importante estar sempre atento às oscilações de mercado – diz Ribeiro.

Fraudes e prejuízos

Enquanto na região Sudeste do país os produtores enfrentavam a queda no preço, no Rio Grande do Sul muitos sequer recebiam pelo leite produzido. Ismael Rampazzo chegou a entregar 40 mil litros de leite a uma indústria de laticínios sem recebeu um centavo. A empresa para a qual o pecuarista entregava leite, a Pavilat, foi uma das denunciadas pelo Ministério Público Estadual na Operação Leite Compen$ado, que investigou a adulteração do leite no estado.

A operação teve início em maio de 2013 e nesse ano completou a sétima etapa. De janeiro de 2010 a setembro deste ano, 39 empresas, cinco trasportadores e quatro produtores foram autuados por adulteração no leite no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Após as inúmeras denúncias de adulteração na região Sul, o Canal Rural produziu uma série de reportagens que mostravam esquemas fraudulentos e a falta de fiscalização em diversos estabelecimentos que deveriam ter a presença de fiscais federais. São paulo, o terceiro maior produtor de leite do país conta com 373 fiscais agropecuários, mas apenas 60% são responsáveis por fazer a inspeção dos 191 laticínios do estado.

Em Minas Gerais, principal bacia leiteira do país, foram encontradas diversas irregularidades nos laticínios Muitos estabelecimentos não apresentavam condições necessárias para a distribuição do produto e nossa equipe flagrou a chegada de um caminhão com três mil litros de leite, que seriam utilizados para produção de queijo e iogurte, contaminado com antibióticos.

No Brasil há 1.147 laticínios cadastrados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) que necessitam de fiscalização. O país possui atualmente 2.745 fiscais, mas somente 889 realizam a inspeção nos estabelecimentos com produtos de origem animal – números que mostram a fragilidade da fiscalização no setor.

2015 é um ano de cautela e incerteza, principalmente com relação ao crescimento da demanda em relação à oferta, que tem aumentado nos últimos anos.

Rafael Ribeiro, Scot Consultoria

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