Menos de 48 horas até o próximo presidente brasileiro ser definido nas urnas. O Canal Rural reuniu um time de especialistas para analisar os planos de governo dos candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) no que diz respeito à agropecuária.
Para o sociólogo Zander Navarro, o eventual mandato do petista será semelhante aos governos Lula e Dilma, nos quais a prioridade não foi a agropecuária empresarial e os gargalos de infraestrutura, mas temas paralelos, como a reforma agrária.
Segundo o estudioso, esse programa não tem significado prático, já que não existe demanda. “Há uma ênfase exagerada a certos temas quase mágicos no campo petista, como agricultura familiar, e muito pouco sobre situações reais”, critica. Dos assuntos realmente relevantes, diz Navarro, quase não se fala.
O consultor jurídico em agronegócio José Carlos Vaz também aposta que o petista se focará nos pequenos produtores. “Não deve dar muita ênfase ao seguro agrícola. Deve ficar mais focado em crédito rural e nas compras da produção de agricultores familiares”, diz.
O plano de governo de Bolsonaro também não agrada Navarro, que o classifica como “fraquíssimo”. De acordo com ele, o fim da chamada indústria de multas no campo e a redução do tempo para concessão de licenças ambientais são propostas vagas e apresentadas de forma quase amadora.
“Fiquei decepcionado ao ler e perceber que, na realidade, era uma exposição em powerpoint. Dois slides sobre agricultura com um conjunto de frases banais. Ênfase muito grande na segurança jurídica do campo. ‘Vamos fazer isso e aquilo’, mas com poucas palavras e nenhum detalhe”, explica o sociólogo.
O consultor jurídico é ainda mais contundente em seu comentário: além de superficial, o plano do candidato do PSL não foi criado pensando no longo prazo. “São propostas de curto prazo, reativas, focadas na agricultura empresarial e voltadas à exportação”, esclarece. Vaz diz que mesmo assim será mantida a assistência à agricultura familiar, cooperativas e demais produtores.
Adamir Fiel, advogado especialista em agronegócios, afirma que o maior desafio do presidente eleito será cumprir as promessas com um orçamento cada vez mais enxuto. “Mesmo que se parta de um conceito de Estado mínimo, isso significa menos receita para investimento em infraestrutura”, diz.