Primeira variedade transgênica de algodão com tolerância a seca começa a ser testada no campo

Variedade cresce 25% melhor na fase reprodutiva, comparado com o tipo convencional

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está desenvolvendo um algodão transgênico capaz de lidar com situações de estresse hídrico. De acordo com a pesquisadora, Fátima Grossi, que coordena o estudo, durante a seca, a variedade se desenvolve 25% melhor na fase reprodutiva em comparação com o tipo convencional. A raiz e a parte área da planta também se destacam.

– Nós tivemos um aumento de 25%, mais ou menos, nas estruturas reprodutivas, que incluem os botões florais, as flores, as maçãs. É a primeira planta que nós temos que confere tolerância ao estresse hídrico, no caso do algodão – disse.

O estudo, que começou em 2010, é feito em parceria com um instituto japonês de pesquisa, o Jircas. A fase de análises em laboratórios já passou e agora a variedade é testada em um ambiente conhecido como casa de vegetação. O próximo passo é levar o algodão para o campo, mas ainda vai demorar, pelo menos, cinco anos para que a semente final possa ser comercializada.

– Nós estamos agora finalizando a primeira etapa do trabalho, que é a prova de conceito, demonstrar que esse gene confere tolerância à seca no algodão. E a segunda etapa agora já vai ser os estudos que serão avaliados a campo e seguidos então, depois de estudos regulatórios – afirmou Grossi.

O déficit hídrico é um problema recorrente para os produtores de algodão goianos, segundo o agricultor Carlos Moresco, de Luziânia, Goiás. Ele plantou, nesta safra, 1,054 mil hectares e espera colher 1,630 mil toneladas da pluma.

– O veranico é normal aqui na nossa região, todo ano tem, tem anos que é 20 dias. Têm anos que é 30, ano passado nós tivemos 45 dias de veranico, então ele prejudica realmente a cultura – disse.

Na lavoura de Moresco, o veranico de janeiro, que deixou as plantas sem chuva por 30 dias seguidos, causou uma queda de produtividade de cerca de 12%. Neste caso, ele acredita que uma variedade mais resistente ao estresse hídrico poderia ter ajudado a reduzir a perda.

– A Embrapa é uma empresa muito séria no lançamento de materiais, então a gente espera com boa perspectiva a vinda desse material – afirmou.