A produção de etanol deve crescer até quatro bilhões de litros e atingir a marca de 30 bilhões de litros na safra 2018/2019, maior volume já registrado na história. De acordo com o diretor e analista da Job Consultoria, Júlio Maria Borges, a preocupação do setor é com a redução nas tarifas de importação do combustível, que representa 31,75% do preço para quantidades que ultrapassam a marca de 600 milhões de litros por ano.
“A tarifa nacional é de 11,75%. No ano passado, foi criada a tarifa adicional de 20%, que protege os preços altos para o produtor. Se essa tarifa cair, vai vir muito álcool americano para cá e isso vai derrubar as cotações”, explica o especialista.
Segundo Borges, hoje, o etanol está remunerando melhor o setor sucroalcooleiro e isso vem ocorrendo desde setembro de 2017. “O preço de açúcar em nível baixo não consegue sair dessa pressão de excesso de oferta e o petróleo tem se recuperado bem. Se isso se mantiver, a próxima safra será muito alcooleira”, estima Maria.
Em 2017, o valor da saca de açúcar caiu 30% no país, aponta o levantamento da Job Consultoria, sendo esse o principal responsável pelo estreitamento da margem do produtor. Diante de preços menores, a fabricação de açúcar na região Centro-Sul deve cair entre quatro e cinco milhões de toneladas este ano.
Expectativas
A safra ainda não começou, mas o produtor Gilmar Soave faz as contas para saber se vale a pena investir na atividade. No ano passado, ele teve prejuízo de R$10 por tonelada. A produtividade até que foi boa, cerca de 86 toneladas por hectare. O problema foi o preço que caiu mais de 10%.
“A gente espera que o preço chegue perto de 60 centavos por quilo de açúcar total recuperável (ATR), mas é difícil chegar nisso, está muito baixo, não cobre os custos”, conta o agricultor.
Para a safra atual, que já está no fim, a produção esperada na região Centro-Sul é de 593 milhões de toneladas, segundo levantamento da consultoria. Já para a temporada 2018/2019, que começa em abril, a expectativa é de ligeira queda na produção.
Entre os motivos para esse possível recuo é a falta de investimento nas lavouras. Diante de preços mais baixos, os produtores estão atrasando a renovação dos canaviais. Na propriedade de Soave, por exemplo, um talhão que está no segundo corte vai produzir em média 95 toneladas por hectare nesta safra. Já nesta outra área bem ao lado, que está no sexto corte, a produtividade não deve passar de 40 toneladas por hectare.
Soave conta que o ideal é manter o talhão até uma média de produtividade de 75 toneladas por hectare. “Abaixo disso precisa reformar, mas a gente tem hoje canavial de sexto ou sétimo corte, que precisa ser renovado, isso já era para ter renovado faz tempo, mas por falta de preços a gente não está renovando e fica com canavial velho”, lamenta o produtor.