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Produção de leite fecha 2015 no negativo

Diversos fatores resultaram em prejuízos milionários para a indústria e para os produtores de lácteos

Fonte: Embrapa

No Brasil, o consumo de leite caiu muito nos últimos anos, causando reflexos para toda a cadeia. No Rio Grande do Sul, estado com a segunda maior bacia leiteira do país, o crescimento interno do consumo foi fraco, mas outros fatores também trouxeram impactos negativos: alto custo de produção, falta de incentivo, além da descoberta de fraudes no interior da cadeia. Fatores que resultaram em prejuízos milionários para a indústria e para os produtores.

“Estamos trabalhando, em valores reais, com uma queda de 6% em relação ao mesmo período do ano passado”, diz o analista Wagner Yanaguizawa.

“Cerca de 34% do valor do leite final está ficando com o mercado, sendo que o comércio só coloca o produto na prateleira, refrigera e vende. Quem produz e quem  industrializa tem uma fatia menor. É um mercado a ser estudado”, calcula o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva.

Dificuldades

Nos últimos anos, mais de 20% dos produtores abandonaram a atividade por falta de incentivo e boa remuneração. Em janeiro deste ano, empresas comunicaram aos produtores que não recolheriam leite de quem tivesse produção menor que 50 litros por dia, ou seja, apenas metade dos produtores.

“Nós pedimos para cooperativas e paras empresas do setor lácteo oportunizarem ao produtor o crescimento da produção e as condições para isto. Seja na questão da assistência técnica ou na ajuda para busca de financiamento quando for necessário”, afirma Silva.

Para o analista Yanaguizawa, o maior agravante da crise do setor foi à queda no consumo. “O país vive uma crise e isso também afetou o setor leiteiro. A demanda ficou muito enfraquecida esse ano, tanto por parte do produtor, que não está conseguindo ser bem remunerado, e também por parte da indústria, que não está conseguindo vender o produto”.

Fraudes 

Em 2015, o estado gaúcho realizou operações, comandadas pelo Ministério Público, que prenderam e indiciaram dezenas de pessoas após terem sido constatadas inúmeras irregularidades e fraudes ao longo da cadeia leiteira. Desde que a Leite Compen$ado começou, 10 empresas já fecharam as portas.

Para o Sindicato da Indústria de Laticínios e Derivados (Sindilat/RS), as fraudes denunciadas nas operações, trouxeram prejuízos não só à imagem das empresas.

“Nos últimos três anos, as perdas somaram mais de R$ 300 milhões”, reforça o secretário executivo do Sindilat, Darlan Palharini.

Pequenos avanços

Apesar de um ano marcado por dificuldades, o setor também contou com avanços.

“Em dezembro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) trouxe uma melhoria: o preço mínimo para o leite. Isso traz uma nova visão na área do leite e vai ajudar a ter um parâmetro para discutir o valor leite, além de contribuir para as futuras discussões sobre políticas públicas do setor leiteiro”, comemora o presidente da Fetag.

Expectativa 2016

O representante dos produtores espera que em 2016 comece a valer um pedido antigo da categoria, a equiparação do preço. “Entendemos que precisamos melhorar o pagamento desses produtores. Queremos mudanças e as empresas já vêm migrando, mas tem outras que ainda não. Hoje, ainda temos empresas que pagam o leite por quantidade e não por qualidade. Nós precisamos migrar isso, nós precisamos migrar para a qualidade”, salienta Silva.

Para a indústria, o setor pretende ampliar as exportações.

“Queremos expandir, principalmente para China, Rússia, México, Panamá, e também Japão, que abriu há pouco o mercado para a carne. Queremos entrar com lácteos também, para que a gente possa chegar ao final de 2016 e ver que realmente avançamos”, planeja Palharini.

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