Por causa do clima, as perdas de produtividade na segunda safra podem ultrapassar 18 sacas por hectare em Mato Grosso. Se essa expectativa for confirmada, o estado deve registrar o menor rendimento desde a safra 2010/2011.
Cultivada no fim de fevereiro deste ano, a lavoura do produtor Jean Fritz enfrenta perdas irreversíveis. Por conta de uma seca que já dura 35 dias, metade dos 500 hectares já está comprometida.
“Foi um ano totalmente atípico. Tínhamos chuvas regulares em março de 2015, o que não aconteceu neste ano. Choveu pouco em abril também”, lamenta o produtor.
Ereno Giacomelli, presidente do Sindicato Rural de Jaciara percorreu algumas áreas afetadas pela seca. Ele conta que muitos produtores do município acabaram arriscando e estendendo a janela de plantio, mas as chuvas acabaram cedo.
“Já é um desespero aqui na região. Tem muitas áreas comprometidas. Mas nem todas. Em algumas propriedades, tem parte boa e tem parte crítica”, diz Giacomelli.
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) fez um comparativo da produtividade das safras de milho 2014/2015 e 2015/2016. O município de Jaciara, que fica na região sudeste do estado, aparece em terceiro lugar, com perdas de 17%.
Na região nordeste, que é mais afetada pela seca, a produtividade vai ser pelo menos 26% menor. Se no ano passado a produtividade média do estado ultrapassou 108 sacas por hectare, neste ano deve chegar a, no máximo, 90 sacas.
“Vamos ter graves problemas em cumprimento de contratos. Porque esse milho foi bastante exportado, e temos essa necessidade de cumprir esses contratos. Temos 62% da safra estimada já vendida”, diz Endrigo Dalcin, presidente da Aprosoja-MT.
A associação alerta os produtores de que o momento é de cautela na hora de negociar o produto. “Somente as lavouras plantadas em janeiro estão melhores. As plantadas em fevereiro estão comprometidas. Precisamos aguardar a colheita para fazer essas vendas”, recomenda Dalcin.