Conseguir a autorização para produzir tilápias é um processo burocrático. Mas os produtores que conseguem integrar a atividade em geral estão satisfeitos com os resultados obtidos. A tilápia é uma das espécies mais produzidas no país, e há previsão de que o mercado para o peixe cresça 10% neste ano.
O piscicultor Wagner Chakib Camis cria tilápias em uma área de cerca de 3 hectares da represa de Paraibuna (SP). Ele produz 900 toneladas de peixes, vendidos vivos a distribuidores que atendem a pesqueiros da região e de fora do estado.
“Os pescadores adoram a tilápia. É um mercado crescente e o produto brasileiro é de primeira qualidade, com bom rendimento de carcaça, o que faz com que a demanda cada vez aumente mais”, diz Camis.
Apesar do bom desempenho dos negócios, o piscicultor paulista se queixa da burocracia que envolve a regularização da área de produção. Segundo ele, o processo se inicia com o envio da documentação ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), que a repassa para Marinha, Secretaria do Patrimônio da União e Instituto do Meio Ambiente para que sejam feitas as devidas análises.
Uma vez aprovados os trâmites, a Agência Nacional de Águas (Ana) determina a outorga ou não do empreendimento. Após a obtenção das licenças, o processo corre junto aos órgãos estaduais de cada unidade federativa. “No caso de São Paulo, é a Companhia Ambiental do estado (Cetesb), permitindo a produção por 20 anos”, diz Camis.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR), Breno Davis, explica que “a piscicultura se fortaleceu como uma solução de produção de proteínas sustentável, em oposição à pesca extrativista.
Como a represa utilizada por Camis para produzir as tilápias é federal, ele paga à União uma taxa de anual de R$ 300 por hectare, além de outros impostos para o governo estadual, num total de R$ 1.800.
O custo de produção da tilápia gira em torno de R$ 4 por quilo. No ano passado, Camis produziu mais de 250 toneladas, gastando R$ 1 milhão. “Melhorando manejo e genética, acreditamos que podemos baixar o custo para R$ 3,60″, afirma Camis.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR), Breno Davis, afirma que,apesar da retração econômica, a produção de tilápia está indo muito bem no país. No ano passado, foram obtidas no Brasil 640 mil toneladas de pescados através da piscicultura. “Cinquenta por cento desse volume é de tilápia, que já é o carro-chefe nacional. Neste ano, projetamos crescimento de 10% na produção e consumo”, afirma Davis. Em 2016, o Brasil faturou R$ 4,5 bilhões com pescados.