Uma técnica de manejo simples e econômica para a cultura da banana tem despertado a atenção de pesquisadores e produtores do Vale do Ribeira, no interior de São Paulo. O novo modelo protege os cachos e evita um problema que preocupa os bananicultores da região há pelo menos cinco anos. O frio é motivo de atenção para bananicultores das regiões Sul e Sudeste do Brasil, já que com temperaturas abaixo de 12ºC, a seiva da fruta congela e a banana fica com a casca escura.
– Até uns cinco anos atrás, não tínhamos esse problema, porque toda banana produzida nesses locais tinham esse escurecimento. Com a chegada da fruta de outros locais, como Rio Grande do Norte e Ceará, onde não existe esse problema, criou-se outro parâmetro. A dona de casa viu que essa banana escura não tem um visual tão bonito – pontua o engenheiro agrônomo José Carlos de Mendonça.
Desde a expansão da cultura no Nordeste do país, a banana do Vale do Ribeira, maior produtor da fruta em São Paulo, perdeu competitividade no mercado nos meses mais frios do ano. Da preocupação, veio a ideia. Depois de assistir a uma reportagem na TV, o bananicultor José Luiz Correia usou simplicidade e alcançou resultados surpreendentes. Agora, no inverno, todos os cachos são revestidos com TNT – o tecido não tecido – e com sacos plásticos resistentes.
O TNT é comprado já cortado em tamanhos de 1,5 centímetro. Já o saco plástico é fácil de ser encontrado. O ideal é que eles tenham de 6 a 10 micras, unidade de medida em microns.
– Ganhamos na questão de coloração, de tamanho de fruto e também no tempo de ciclo, que diminuiu em torno de 20, 30 dias, que deu para perceber na colheita – acrescenta o agricultor.
O experimento que seu José vem fazendo há 1 ano no bananal de 300 hectares chamou a atenção de pesquisadores da Unesp. A pesquisadora de Fisiologia Vegetal na universidade Juliana Domingues Lima acompanha desde 2012 técnicas para amenizar a casca escura nas bananas.
– Usamos nove tipos de materiais diferentes e, dentre eles, o mais eficiente foi o polietileno com o TNT. Agora, a questão da espessura, da coloração, essa inovação foi dele [do produtor] mesmo por questão de observação. Ele observou que protegendo mais o fruto da luz, fica um pouco mais claro para colheita e isso se torna um diferencial positivo – observa Juliana.
– Hoje, se tudo der certo com os experimentos, não temos mais medo de mercado nenhum. Produzindo aqui com tecnologia, é óbvio que nos chegamos lá – conclui José Correia.