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Produtor de milho terá prejuízo de R$ 4 milhões por sementes com fungo

Em Mato Grosso, agricultores se queixam da presença de fusarium e de baixo índice de vigor em material da Monsanto

Produtores de Santa Rita do Trivelato e Nova Mutum, em Mato Grosso, protocolaram denúncia junto ao Ministério da Agricultura contra a multinacional Monsanto por fornecer sementes de milho sem origem e sem qualidade. Um dos agricultores afetados pelo problema afirma que o material adquirido, com baixo índice de vigor e contaminado por fungos, trará prejuízo de ao menos R$ 4 milhões.

O produtor Gilson José Devenz afirma que, após utilizar as sementes na propriedade, teve problemas com fusarium pela primeira vez. O fungo é causador de uma doença que afeta o enchimento dos grãos e, portanto, a produtividade. Além disso, tem alto poder de propagação durante a estiagem e, dependendo da espécie, pode contaminar também o solo e a própria palhada do milho.

A análise do material revelou baixo índice de vigor e confirmou a presença do fungo numa proporção acima de 30%. “É um valor muito elevado, principalmente porque a semente estava tratada, (o fungo) estava presente internamente”, diz pesquisadora Luana Belufi, da Fundação Rio Verde, que realizou o teste.

O engenheiro agrônomo Naildo Lopes, que presta assistência técnica a Devenz, afirma que foram detectados problemas já na chegada do primeiro lote de sementes ao produtor. “Nem queria descarregar a semente, em função do padrão. Eram sementes miúdas, incluindo um saco de 60 mil sementes com 9 kg”, afirma.

No ano passado, Devenz afirma ter fechado média de 120 a 130 sacas por hectare. “Neste ano, (serão) 30 sacos de média geral, isso se conseguir”. Ele calcula que, em 3 mil hectares, terá um prejuízo de, no mínimo, R$ 4 milhões, por conta dos problemas na área de milho.

Outros casos

O presidente da Associações dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Endrigo Delcin, afirma que há reclamações sobe a qualidade de sementes do cereal em todas as regiões do estado. Segundo ele, trataria-se de material guardado há muitos anos, e há reclamação junto à Associação Brasileira de Sementes (Abrasem). 

“A Embrapa está nos auxiliando em pesquisas, mostrando o quanto isto reflete na produção final”, diz Delcin. A Fundação Rio Verde informa que houve aumento de 30% na procura para análise de sementes de milho nesta temporada, em relação à anterior. 

Troca de sementes

Gilson Devenz conta que levou a questão à Monsanto, que enviou uma equipe técnica até a fazenda para avaliar as sementes. As sementes foram trocadas, mas o produtor afirma que os novos lotes também vieram com problemas. Uma nova tentativa de contato com a empresa foi feita, mas não houve sucesso. 

O agrônomo Naildo Lopes enviou uma carta ao Ministério da Agricultura, denunciando a má qualidade da semente e a falta de numeração dos lotes e de informações sobre a origem do produto.

De acordo com o chefe do serviço de fiscalização Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Sidnei Francisco Cruz, se alguma irregularidade for constatada, um processo administrativo será constituído. Nesse caso, a empresa será autuada e terá 15 dias para apresentar sua defesa. A partir daí, o processo será relatado e julgado pelo ministério. 

Outro lado

A Monsanto foi procurada pela reportagem do Canal Rural e afirmou, por meio de nota, que segue rigorosos padrões de qualidade na produção de sementes e está à disposição dos clientes para garantir que tenham a melhor experiência com os produtos.

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