Produtores de MT já acessam pré-custeio, mas criticam juros

Para ministro da Agricultura, liberação do recurso é importante para agricultores conseguirem descontos em insumos e auxilia indústria a receber mais rapidamente

Fonte: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

Produtores de Mato Grosso já estão acessando o recurso de pré-custeio para a safra 2018/2019, anunciado na semana passada. Mas a taxa de juros é motivo de crítica no setor. 

A liberação dos recursos pelo banco – mesmo antes de o governo anunciar o montante disponível em todo o país – motivou o produtor rural Roberto Martins Badan a planejar a próxima safra de soja. E ele nem começou a colheita da lavoura nesta temporada. 

Badan e o irmão, também agricultor, já estão atrás de sementes e adubos. “Agora é só comprar bem no mercado para fazer um plantio dentro das normas; chegando na frente, a gente consegue uns 10% ou 15% a menos”, diz.

Segundo o engenheiro agrônomo Naildo Lopes da Silva, que presta consultoria técnica e administrativa a um grupo de produtores da região de Nova Mutum (MT), afirma que o baixo índice de inadimplência fez a diferença na hora de agilizar os contratos. “Aqueles produtores que vêm pagando a sua conta em dia já têm hoje um limite de crédito, já sabem o que que para pré-custeio e o que vai para investimento, o que facilita muito os negócios”, afirma. 

Para o presidente do Sindicato Rural e Nova Mutum, Emerson Zancanaro, a antecipação do crédito é importante para o produtor. “Se nós conseguirmos antecipar esse dinheiro até o dia 30 de maio, nós vamos fazer excelentes compras”.

Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o produtor do estado está pegando cada vez menos esse tipo de recurso. No ciclo 2016/2017, foram cobertas 17% das despesas dos agricultores; já na safra 2017/2018, foram apenas 14%. 
 
De acordo com Zancanaro, do sindicato rural, os produtores sempre têm expectativa de juros baixos, mas se decepcionam com as taxas liberadas pelo governo. “No ano passado, as entidades pediram 6,5% e não levaram; neste ano vai ficar entre 7,5% e 8,5%, e tem que cair, visto que a gente tem aí um dólar não tão atrativo, com preços das commodities já não mais atrativos, e isso acarreta aumento de custo de produção”, afirma.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirma, por sua vez, que a taxa de juros não é a coisa mais importante no pré-custeio, mas sim colocar o dinheiro na mão do produtor, para que ele possa acessar o mercado de insumos. “(Como reflexo,) A indústria fica com mais tempo para produzir, recebe mais rapidamente e pode dar um desconto ao produtor. Nessa hora, a taxa de juros às vezes deixa de ser tão importante em relação ao desconto que você consegue, por estar comprando com bastante antecipação”, diz Maggi.