Agricultores de Mato Grosso iniciam a nova safra de algodão com uma área 15% neste ano e, apesar da expectativa de boa produtividade, existe muito produtor preocupado com a oscilação do preço da pluma. A garoa e a umidade do solo propiciam uma boa semeadura, o que é considerado o casamento perfeito para um início de safra com boas expectativas para quem investe na produção do algodão.
“A chuva foi escassa no começo, mas agora, no início de dezembro, firmou um pouco mais e o plantio está excelente. No ano passado, nós fechamos em uma média de 350 arrobas por hectare, o que é considerada uma média boa e, se fecharmos esse ano com o mesmo padrão de 2016, estará bom’, disse o gerente técnico Ronaldo dos Santos Oliveira.
Em uma fazenda de Campo Verde, Mato Grosso, a área destinada ao algodão vai crescer 8%. A boa produtividade da última safra, inclusive nos solos com menos nutrientes, motivou a aposta. “Tivemos bons resultados na areia, o que vem dando uma perspectiva boa”, falou Oliveira.
Nem todos estão otimistas
Por outro lado, existem produtores mais preocupados com a safra atual, principalmente aqueles que ainda têm estoques da última colheita. Em outra fazenda da região, o beneficiamento do algodão colhido terminou há poucos dias, somando cerca de 3,5 mil toneladas da pluma, que já teve a maior parte vendida. O restante, espera por compradores e preços melhores.
“Do total armazenado, cerca de 50% ainda será vendido, o que representa 10% da produção. O que estamos observando é que o preço não está reagindo como ele realmente faz nessa época do ano e o que lamentamos é que, se tivéssemos vendido há cerca de um mês teríamos ganhado um pouco mais de dinheiro, já que o preço saiu de R$ 83 para R$ 76,77”, falou o gerente da fazenda Luiz Antônio Huber.
Essa desvalorização acabou deixando os produtores apreensivos com a nova safra e o plantio, que ainda nem começou em algumas propriedades, já está sendo negociado por valores menores do que o esperado. “Já temos cerca de 25% da nossa área comercializada, com o travamento de negócios. O preço não é bom, em torno de R$ 23,24 dólar a arroba e isso acaba dando apenas uma margem pequena de lucro. Com isso, estamos estimando uma quebra de 20% na diferença de rentabilidade em relação ao ano passado”, falou Huber.
Mesmo com a preocupação de alguns agricultores com o mercado da pluma, a previsão é de maior aposta no algodão de Mato Grosso. A estimativa da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) é de avanço expressivo das lavoura.
“Na última safra, Mato Grosso produziu um milhão de toneladas de pluma, sendo que 12% deste total ainda não foram negociados. Para o próximo ciclo, a previsão é de colher cerca de 1,1 milhão de toneladas, sendo que pouco mais de 60% já foram vendidos”, disse Alexandre Shenkel, Presidente da Ampa.
“Em relação ao mercado externo, a expectativa é que se aumente o consumo mundial do algodão. Teremos algo da demanda chinesa, dependendo dos estoques deles que já estão sendo enxugados nos últimos anos, e vamos ainda aguardar as expectativas sobre alguma reação maior, principalmente no ano de 2019”, finalizou Shenkel.