A movimentação nas indústrias de extração de calcário é intensa. Em Nobres, principal pólo produtor do insumo em Mato Grosso, as máquinas não param para atender a demanda. Para carregar tanto calcário, as filas de caminhões são inevitáveis. Mas os motoristas não reclamam. Pelo contrário, comemoram a antecipação da retirada.
“Neste ano começou mais cedo a puxa do calcário. Os produtores estão adquirindo o calcário mais cedo, e estamos fazendo a entrega mais cedo também. Se a gente quiser dar um sustento maior para a família, tem que acelerar mesmo”, diz o motorista Uilton Rodrigues Oliveira.
Um dos motivos do carregamento antecipado é a busca por fretes mais baratos. Segundo o sindicato que representa as indústrias do insumo, no ano passado, a retirada do produto ficou concentrada nos meses que antecedem o plantio da safra. Por conta disso, o transporte ficou mais caro. E a cobrança pesou no bolso dos agricultores.
“Praticamente quase dobrou o valor normal do frete. E aí boa parte dos produtores mais capitalizados este ano acabaram se antecipando para puxar esse calcário, aproveitando o frete mais barato de início de ano”, diz Kassiano José Riedi, presidente do Sinecal (Sindicato das Indústrias de Calcário) de Mato Grosso.
Uma oportunidade que o produtor rural Dirceu Luiz Dezem não deixou escapar. O agricultor já garantiu a compra do insumo, que vai ser aplicado no solo logo após a colheita do milho segunda safra. A propriedade fica em Tapurah (MT), a trezentos quilômetros das usinas de calcário. A aquisição antecipada rendeu uma boa economia ao produtor.
“Vale a pena! No produto, a gente economiza 16%. No frete, chega a ficar mais de 30% mais caro deixando para puxar e pagar para frente. Dá para economizar bastante na compra antecipada. Quase cai 50%, se conseguir puxar em uma hora que está ainda no final da safra”, diz ele.
A estratégia dos agricultores alimenta o otimismo das indústrias. O desempenho do ano passado já foi motivo de comemoração. Os números de 2018 não estão fechados, mas o setor acredita que as vendas aumentem 22% em relação ao ano passado.
O volume pode chegar a 6,5 milhões de toneladas do produto. E, com o ritmo de entregas intenso, as expectativas não poderiam ser melhores. “A princípio, vamos bater o recorde da história do calcário de Mato Grosso. 2004 e 2017 foram excepcionais, e neste ano a tendência é que isso se repita. Deve ficar entre 6,5 e 7 milhões de toneladas entregues no estado”, afirma Wendel Rodrigues, diretor do Sinecal.
O calcário é considerado um dos insumos mais baratos da agricultura. Segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), o gasto médio com o corretivo na próxima safra deve ser de R$ 53 reais por hectare no estado. O mercado aquecido das commodities reforça o otimismo do setor.
“Depois de um período de crise, os produtores conseguiram se capitalizar novamente. O preço de soja melhorou bastante, um pouco por causa da conscientização dos agricultores quanto ao uso do calcário”, conclui o presidente do Sinecal, Kassiano José Riedi.