Durante reunião da Câmara Setorial do Arroz, em Brasília (DF), representantes do setor debateram alternativas para a recuperação da crise pela qual passam produtores da cultura. A crise que afeta os produtores de arroz parece estar no limite e a saída pode ser a redução de plantio na próxima temporada.
Levantamentos do setor produtivo apontam a necessidade de queda de 200 mil hectares, dos quase dois milhões plantados no país, para que a atividade continue sendo rentável. Os preços pagos pelo cereal não cobrem o custo de produção e a demanda do mercado tem caído.
Francisco Schardong, representante da CNA na Câmara Setorial do Arroz, diz que a situação é pior no arroz irrigado, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que juntos representam cerca de 70% da produção nacional. “Nós estamos com boas safras, mas não tem preço. Com isso produtor está cada vez mais se endividando porque ele tem que buscar alongamentos, prorrogações […] Nós estamos vendendo arroz a 38,36 e o custo de produção foi 42 reais”, afirma.
Para o diretor comercial do Instituto Rio-grandense Do Arroz (Irga), Tiago Barata, a redução de área para tentar reverter preços não é a melhor estratégia. O ideal, segundo ele, seria reduzir custos. A gestão do negócio e organização financeira é essencial para o produtor ganhar poder de negociação. “A variação de preço ao longo do ano é muito grande, então além de comprar no melhor momento, negociar para que o pagamento não seja feito exclusivamente na entrada de safra, buscar a diluição dessa liquidação dos seus compromissos”.
A indústria de arroz defende a unificação do ICMS para produtos da cesta básica. A medida faz parte de uma Proposta de Emenda à Constituição que tramita no Congresso Nacional e pode ajudar a tirar os produtores da crise. A PEC está na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e ainda precisa ser aprovada em dois turnos tanto na casa, quanto na Câmara dos Deputados.
“A uniformização pode levar ao fim da guerra fiscal desses produtos e também a maior competitividade entre as indústrias de maneira geral e favorecendo, principalmente, o produtor, uma vez que vai favorecer os polos produtores no lugar de levar a produção pra instalação de indústrias em outros estados que não têm essa vocação”, afirma a diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Andressa Silva.