Produtores dependerão mais de bancos privados no futuro

Quantidade de recursos a juros controlados diminuirão nos próximos anos, diz André Nassar

Fonte: Divulgação/Agência Brasil

Os produtores vão ter de depender mais de bancos privados no futuro para obter crédito. Este foi o alerta do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, durante o Congresso do Algodão, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Segundo ele, daqui para frente, a quantidade de recursos com juros controlados não deve crescer tanto

– A participação do crédito oficial, aquele que é controlado com dinheiro do governo, vai cair relativamente a anos anteriores, pela maior necessidade de financiamento do setor que vai se financiar mais com recursos livres. Mas o crédito controlado continua crescendo. Tanto é que nos dois primeiros meses da safra cresceu 18% em relação ao ano passado – afirmou Nassar durante o Congresso do Algodão, em Foz do Iguaçu, no Paraná.

De acordo com diretores de bancos privados, a facilidade de acesso ao crédito vista em anos anteriores contribuiu para o produtor gastar mais do que podia. A conta chegou agora, junto com a crise, o aumento dos custos de produção e a desvalorização do real frente ao dólar. Recentemente, dois dos maiores produtores de algodão do país pediram recuperação judicial: Pinesso e Jpupin. Somadas, as dívidas das empresas ultrapassam R$ 1,5 bilhão.

Apesar das incertezas que pairam sobre o mercado, especialistas dizem que o bicudo do algodoeiro é o maior problema do setor no Brasil. Ele chegou ao Brasil na década de 1980 e ainda gera muitos prejuízos, perdas de quase R$ 2 bilhões por ano. Valor difícil de ignorar em tempos de crise.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen, sugeriu a criação de uma campanha nacional para combater o bicudo.

– É uma praga que se multiplica muito rapidamente e o produtor negligencia, principalmente nas soqueiras e nas plantas voluntárias que nascem na lavoura de soja e milho. Isso é o que leva a multiplicação e a esse prejuízo gigantesco. Mas se nos tivermos um trabalho de conscientização também é uma praga fácil de combater, desde que se faça aquilo que tem que ser feito – disse.