O preço do leite pago ao produtor tem gerado grandes preocupações para quem vive da atividade e a crise não deve melhorar nos próximos meses, pois, com a aproximação das férias de fim de ano, a tendência é que a demanda nacional fique enfraquecidas e, consequentemente, os preços continuem baixos até 2017.
A crise tem feito com que o produtor de leite Edmilson Panelli passe os dias pensando em como reduzir os custos com uma remuneração tão apertada. Nos últimos nove anos ele investiu quase R$ 1 milhão para aumentar a eficiência da produção e conseguiu aumentar o volume e a qualidade do leite, mas não escapou dos prejuízos.
“O leite baixou demais e eu recebi, no mês de agosto, R$ 1,65 o litro de leite pela minha qualidade e, no mês de outubro, recebo R$ 1,35. Isso impacta em uma receita R$ 25 mil a menos. Eu tive que ir ao banco e fazer um financiamento para poder pagar as minhas despesas”, falou.
Para o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), a queda da remuneração nos sete principais estados produtores tem a ver com a alta oferta no mercado, por causa do período de safra. “A demanda ainda considerada enfraquecida pelo setor está puxando os preços para baixo e, independente disso, a indústria tem que repassar essa queda de preço para o produtor”, disse o pesquisador do Cepea, Wagner Yanaguizawa.
“Hoje eu estou trabalhando no vermelho e com uma expectativa de trabalhar ainda dois meses no vermelho. Então, todas as gorduras que eu consegui juntar com o leite ao longo do ano, já se foram”, lamentou o produtor.