Produtores do Paraná querem a volta da safrinha de soja

Em Mariópolis, no sudoeste do estado, agricultores querem reverter novo calendário agrícola, que proíbe a segunda safra da leguminosa para controlar a ferrugem asiática

Fonte: Gabriel Faria/Embrapa

Produtores de Mariópolis, no sudoeste do Paraná, são contra a proibição do plantio da segunda safra de soja no estado. O chamado vazio sanitário foi implantado para evitar a proliferação da ferrugem asiática, mas os agricultores locais querem que o novo calendário agrícola na região seja revertido.

O fungo causador da ferrugem passa da primeira para a segunda lavoura, faz cair a produtividade e eleva os custos exigindo maior número de aplicação de fungicidas. Para controlar a doença e impedir a segunda safra de soja, o Paraná estabeleceu que, a partir da safra 2016/2017, o plantio da oleaginosa só poderá ser feito até 31 de dezembro e a colheita não poderá ultrapassar 15 de maio.

Na região de Mariópolis, a soja é plantada em setembro, para ser colhida no início do ano e sobrar tempo para o plantio de mais soja. O produtor rural Neuri Gehlen semeou sua propriedade em janeiro para colher em maio. Enquanto na primeira safra consegue mais de 60 sacas por hectares, na segunda, obtém 45 sacas por área. 

Mesmo com a queda de produtividade, ele acredita que a estratégia vale a pena. “A somando as duas safras, nós atingimos um patamar bastante elevado, que nos dá um bom rendimento”, diz.

Os produtores de Mariópolis ainda não sabem como vai ficar o cultivo no ano que vem, com a proibição da soja safrinha no estado. Em todo caso, Gehlen reservou uma pequena área da propriedade para cultivar o milho segunda safra. Ele afirma, entretanto, que a cultura não se adapta muito bem à região, nem há uma variedade mais precoce para ser utilizada na região.

Ele conta que uma parte dos produtores locais poderá plantar variedades de feijão, mas há riscos. “Aumentando muito o plantio, logicamente, vai saturar o mercado e o preço vai cair, podendo até não ser viável o plantio de feijão. Para nós, hoje, a grande alternativa ainda é a soja”, conta.

O engenheiro agrônomo Giovani de Bortoli Pagnoncelli afirma que os agricultores de Mariópolis não querem afetar o potencial produtivo de outras regiões permitindo a proliferação da ferrugem asiática. Mas querem, segundo ele, mostrar que é possível produzir soja de maneira eficiente e segura na microrregião.  “A movimentação dos produtores é bastante forte (para manter o calendário original). Existe muita vontade que se continue o plantio da segunda safra”, declara.