Na reta final da colheita de cana-de-açúcar em Piracicaba –considerada uma das áreas mais produtivas do estado de São Paulo –, o setor calcula uma quebra de safra em torno de 15%. Apesar do baixo desempenho, os bons preços alcançados pela matéria-prima mantêm os produtores motivados a aplicar recursos na cultura, após pelo menos três anos de baixos investimentos.
Há 50 anos na atividade, o produtor Odair Novello afirma que nunca registrou um desempenho tão baixa do canavial: 74 toneladas por hectare. “A gente não investiu o que deveria, então produziu muito pouco”, diz ele, que mantém quase 7 mil hectares ocupados pela cultura em Piracicaba.
O diretor patrimonial da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), José Rodolfo Penatti, afirma que o segmento tem enfrentado dificuldades financeiras há vários anos, detendo a renovação dos canaviais. “Com isso, eles vão ficando mais velhos e a produção vai diminuindo”.
Penatti lembra ainda que a cana-de-açúcar enfrentou problemas climáticos, com tempo encoberto. “Quanto mais chuva e sol, melhor para o crescimento vegetativo da cana, numa sequência que levou à quebra de safra”.
O cenário atual leva a acreditar que a safra 2017 terá melhor desempenho. O representante da cooperativa está confiante de que os agricultores irão aproveitar as boas cotações para fazer os tratos culturais adequadamente. Para a próxima safra, o valor projetado para pagamento pela concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), que serve como índice para a remuneração da cana, é de R$ 0,68 a R$ 0,69 o quilo.
Odair Novello acredita que os preços da cana se manterão interessantes pelos próximos dois anos. Por essa razão, está investindo R$ 6 milhões para renovar 20% do canavial.