As importações de milho pelo Brasil atingiram a marca de 144,3 mil toneladas em julho, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O número representa alta de 23,6% em comparação a junho — mês em que o país exportou 1,9 milhão de toneladas, volume 50,2% abaixo do embarcado no mesmo período em 2020.
Esse cenário ocorreu após quebras expressivas na safra do grão por conta das geadas que atingiram áreas produtoras do país no mês passado. Quem comenta o contexto do mercado de milho é Benedito Rosa.
“Mágica, não há. Os produtores e a indústria de milho sabem disso. A médio prazo — até a entrada da próxima safra de verão —, teremos que conviver com esse cenário de preços altos. O cenário, além das variáveis de mercado, é influenciado por fatores extra-mercado que dificultam as projeções. De qualquer maneira, o fato central é uma queda abrupta de produtividade por razões climáticas já muito comentadas. Chegamos a uma quebra de 50% no Paraná e tivemos, consequentemente, um aperto na oferta do milho”, observa Rosa.
“Nessa hora, nós não gostamos muito de falar, mas é verdade, os produtores estão retendo milho para vender melhor nos próximos meses. Outro fator que incomoda muito é um aumento nos preços de fertilizantes e defensivos, criando dificuldades no passado e, agora, para a próxima safra. Como se não bastasse, ainda há incertezas no mercado externo, como afirmaram consultores de grandes bancos europeus, que a China iria repor todo o seu estoque em 2021 e que, em 2022, já começaria a haver uma queda nas exportações. O que ocorreu? A China aumentou as importações no primeiro semestre desse ano em 29%”, acrescenta.
Rosa observa que, no mercado de carnes, o país vem ganhando espaço, o que deve ser levado em consideração na avaliação do mercado de grãos.
“O Brasil aumentou as exportações de carne suína em 13,6% no primeiro semestre. Temos um cenário complexo, de grandes desafios, de manter contratos, ganhar mercados. O Brasil está bombando em carnes e outros produtos e é preciso manter esse posicionamento, pagar o preço das dificuldades no segundo semestre e encontrar formas de chegarmos à safra de verão. O Brasil está como segundo maior exportador de milho, primeiro de soja, primeiro de bovinos, avançando em aves e suínos. É preciso avaliar bem a situação e ter medidas para atravessá-la até o final do ano”, afirma o comentarista.