Especialistas apostam que 2017 será o ano de recuperação para a suinocultura por causa do aumento na exportação. O setor passou por maus momentos em 2016 e, com a queda no preço do milho, o cenário está melhorando. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) projeta 5% de aumento nas vendas, mas a produção de carne suína deve ficar praticamente estável por causa da demanda no mercado interno, que responde por 85% do consumo e deve continuar enfraquecida no ano.
O milho, principal insumo do setor, já começou a cair. A média da cotação da saca pelo indicador Esalq/BM&FBovespa em janeiro está 12% menor que o valor registrado um ano atrás. Ao todo, 70% do custo de produção da granja vem da ração e a queda do preço do cereal em 2016 deve ajudar na recuperação da suinocultura.
“O preço dos grãos vem reduzindo de maneira acentuada. Enquanto os preços dos suínos vêm decaindo muito rapidamente, eu acredito que no segundo semestre deste ano nós começamos a ter um equilíbrio”, falou o suinocultor Geraldo Salaroli.
O produtor espera pelo aumento do preço do suíno mais para frente, já que o primeiro trimestre costuma ser o pior para a atividade. “Há uma queda acentuada de consumo por causa de férias e início do pagamento de impostos. Após o carnaval e com a volta às aulas, o consumo costuma retomar de maneira mais acentuada”, disse.
Apesar da demanda menor, a média do quilo do suíno vivo pelo indicador Cepea está 13% maior na comparação com janeiro de 2016. Para o analista de mercado Osler Desouzart, existe potencial de crescimento de consumo da carne suína no país, que ainda é baixo em relação ao de outras proteínas. O de aves, por exemplo, é de mais de 40 quilos per capita ao ano. “Nós devemos sempre nos lembrar que o brasileiro come menos de 17 quilos de carne suína. Eu costumo dizer que, se nós chegarmos a 20 quilos, já começa a faltar matriz e, se chegarmos a 24 quilos, falta granja.”
Geraldo viu muitos colegas abandonar a atividade no ano passado por conta da crise, mas conseguiu permanecer na suinocultura e espera pela melhora do mercado. No setor, não há euforia, mas a esperança é de que 2017 seja um ano de reação. “Eu acredito que haverá reação, mas que ocorrerá a passos de tartaruga manca por causa do prejuízo que tivemos.”
Para o analista, no entanto, o ano será melhor do que 2016, mas a expectativa é de que 2018 seja ainda melhor.