De acordo com a Associação Paulista dos Criadores de Suínos, em torno de 60% a 70% do custo de produção está ligada a alimentação dos animais, que é basicamente formada por milho e soja. Para que os grãos cheguem à granja, o produtor depende da malha rodoviária, por isso, o aumento dos preços dos combustíveis afeta diretamente o setor.
O suinocultor Rafael Van Den Broek gasta, por semana, cerca de 230 toneladas de grãos para sustentar o plantel de aproximadamente 24 mil suínos. A alimentação dos animais representa mais da metade dos custos de produção. “Hoje na produção de suínos 70% dos gastos é com alimentação então eu tenho desde a parte de chegada de produtos até o posto na minha granja a partir de ração pronta”, afirma.
Com os reajustes dos impostos dos combustíveis, que aumenta o valor do litro do diesel diretamente na bomba, o preço do frete já está mais caro. “Pra mim, já aumentou em torno de R$ 4 a R$ 5 a tonelada, e depois eu tenho o frete posto na granja que aumentou em torno de R$ 0,30 centavos por km rodado do caminhão, e eu tenho transporte dos animais para o abate que também aumentaram de R$ 0,30 a R$ 0,35 por km rodado”, explica Broek.
Além do aumento dos tributos, a Petrobras anunciou reajuste de 3,5% para o diesel. Foi a 22ª variação desde que a estatal adotou, no fim de junho, um novo modelo de política de preços. Agora, em vez de ajustar os preços por mês, a empresa leva em consideração condições de mercado, como câmbio e cotação internacional do petróleo. Para os suinocultores, as altas afetam toda a cadeia produtiva.
Segundo do presidente da Paulista dos Criadores de Suínos (APCS), Valdomiro Ferreira, o aumento já chegou a R$ 10 por tonelada. “O impacto em toda a cadeia produtiva pra você trazer a matéria-prima para produzir, pra você pegar o suíno e levar pro frigorífico, e do frigorífico levar pro mercado varejista, hoje é de 8%”, diz Ferreira.
O aumento veio logo no momento em que o setor vinha se recuperando. O preço da arroba estava subindo e a rentabilidade do suinocultor aumentava. Há 40 dias, o preço da arroba girava em torno de R$ 65. Hoje, na região de Campinas (SP) está R$ 80. Só que o lucro para o produtor não segue o mesmo padrão.
Com o aumento de 8%, a associação do setor acredita que, praticamente, não há rentabilidade do suinocultor, o que deve desestabilizar novamente a produção e produtividade. Os produtores concordam. “Eu estava com lucro um pouco melhor depois de uns 15 dias que subiu preço. Agora, com o reajuste, eu estou empatando de novo, não estou tendo lucro nenhum, então está bem complicado no setor”, afirma Rafael Broek.