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Produtores do Vale do São Francisco correm risco de ficar sem água

Seca e diminuição do nível do rio trazem insegurança aos agricultores que produzem frutas na região

Fonte: Marcelo Gomes

O desenvolvimento da fruticultura no Vale do São Francisco só foi possível graças à irrigação. Mas os produtores correm o risco de ficar sem água, por causa da seca e da diminuição do nível do rio. A insegurança hídrica afasta novos investimentos e deixa os produtores em alerta. Atualmente, o lago de Sobradinho está com somente 10% de sua capacidade. 

Graças à irrigação, cerca de 120 mil hectares do sertão são ocupados por plantações de uvas e mangas.  A água, que chega aos cultivos por canais, vem do São Francisco, rio que nasce na Serra da Canastra (MG) e deságua no Oceano Atlântico, na divisa entre Alagoas e Sergipe. 

O Velho Chico tem 2,7 mil quilômetros e passa por cidades como Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Ao percorrer trechos do rio, é possível comprovar a diminuição do volume de água. Um banco de areia demonstra que o nível está muito baixo: 1,5 metro menor do que é registrado no final do período das chuvas, por volta do mês de abril.
Pesquisador da Embrapa Semiárido, Lucio Alberto Pereira acredita que a preservação da vegetação das margens é fundamental para ajudar a manter o nível d’água, que vem baixando dia após dia por causa da seca.

Ele afirma que choveu menos da metade do que havia sido previsto, baseando-se em médias históricas. “Isto coincidiu também com as poucas chuvas na nascente do São Francisco. E aí, o grande lago de Sobradinho diminuiu muito de volume.” Pereira afirma que o quadro se agrava em função do desmatamento, principalmente das matas ciliares e do entorno das nascentes.

Abastecimento 

A situação do maior reservatório do São Francisco é preocupante. O lago da usina hidrelétrica de Sobradinho está com somente 10% da capacidade. Desde 2013, o baixo nível d’água deixa em alerta os produtores, que dependem do rio para a irrigação.

O produtor de uva Ivaldo Félix dos Santos afirma que já houve falta de água, quando o níveo da barragem chegou a zero e foi preciso haver captação de volume morto. “A água chegava aqui parcelada: um dia, sim, um dia, não. E isto para a gente é muito ruim, porque aqui tem muito Sol e a planta sofre muito com esse estresse.”

Também produtor de uva, Jorge Hassuike conta que o abastecimento tem sido crítico nos dois últimos anos, levando os agricultores a serem rigorosos no combate ao desperdício.  “A gente faz tudo para usar a água da forma mais racional possível, com o sistema de gotejamento localizado. Mas todo ano é uma dor de cabeça que a gente não consegue resolver”, diz.

A possibilidade de faltar água impede o aumento das áreas de cultivo. O presidente grupo Fertilaqua, José Ovídio Alves Bessa, acredita que, se se houvesse maior oferta de água, seria possível dobrar a área de fruticultura na região. “Mas a gente sabe que isso é impossível, por isso procura trabalhar o perfil do solo, que, assim, consegue armazenar mais água”.

Para amenizar o problema, o presidente do Instituto da Fruta do Vale do São Francisco, Ivan Pinto, sugere uma medida drástica: uma obra estruturante fechando a foz do São Francisco.  “Não tem cabimento 70% dessa água ser jogada fora no Oceano Atlântico”, avalia.  

O rio é fundamental para que a vida continue pulsando no sertão. Porém, mais do que esperar pela chuva, é preciso cuidar para que o São Francisco continue abençoando tudo ao redor. “Ele já pede socorro há algum tempo. É necessário tomarmos ações e atitudes para preservação”, afirma o pesquisador Lucio Alberto Pereira.

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