Um projeto social mantido pela Bayer tem levado educação a jovens e adultos que trabalham como safristas. Em seis anos de ação, mais de 550 trabalhadores aprenderam a ler e a escrever.
A iniciativa da Bayer, batizada de Projeto Letrado, é realizada em parceria com fazendas e contratantes de mão de obra agropecuária. Até o momento, foram alfabetizados trabalhadores que prestam serviço durante a safra nos estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso.
A educação no campo ainda é um desafio no século 21. Dados do censo agro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017 apontam que 15,44 % dos moradores das áreas rurais nunca frequentaram a sala de aula, e apenas 12, 6% foram alfabetizados.
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Teófilo da Silva, de 52 anos, pertence a esse contingente de baixa escolaridade no campo. Mas o trabalhador safrista ficou sabendo do projeto e decidiu voltar à sala de aula. “Entrei porque acho importante. Muitos dos meus amigos não sabiam ler e estavam fora da sala de aula. Eu entrei também para incentivá-los a saber escreve”, diz.
Identidade e cidadania
Na região mineira em torno do município de Paracatu, o Letrado foi implantado há quatro anos e alfabetizou 80 pessoas. Em uma das propriedades rurais que integram o projeto em Minas Gerais, atualmente 28 trabalhadores com idade variando entre 20 e 55 anos recebem três aulas por semana. A professora Maria de Fátima Cardoso afirma que há alunos que sequer conhecem as letras do alfabeto. “Com o passar do tempo, termina o projeto, eles voltam e falam: ‘Nossa, professora! Já sei escrever meu nome!’ É uma questão de identidade, que envolve a assinatura (do próprio nome), algo que eles precisam muito”, diz a professora.
Gilberto Zancanaro, sócio proprietário da fazenda, reconhece a importância do projeto. “Acho que isso traz cidadania. A Bayer sempre se preocupou com segurança, alimentação, com bem-estar das pessoas, mas eu acho que o diferencial hoje é alfabetizar esses adultos”, afirma.
Elen Cristina da Silva, também professora, conta que inicialmente os alunos ficam tímidos, com a “mão dura” a pegar a caneta, inseguros. “Alguns falam pra gente que não dão conta, mas fui surpreendida pois vi que todos sabiam escrever letras em caixa alta”.
Esforço e dedicação transformam a vida dos safristas. O trabalhador rural Vagner Cardoso dos Santos fez parte da primeira turma da regional mineira do projeto, formada em 2016, afirma que o aprendizado fez diferença em casa e no dia a dia. “Já assino o meu nome tranquilo. Já sei ler alguma coisa. Se o meu netinho precisa de alguma coisa, já sei ensinar a ele”, conta.