A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) quer dar mais estabilidade para o preço do leite. Uma proposta da entidade pretende diminuir a variação paga pelo litro do produto por pelo menos seis meses. A ideia é que o lácteo tenha uma variação mínima.
“Nós temos um elo desconectado desta questão, que se chama supermercados. Enquanto a gente está procurando uma aproximação muito forte da indústria e do produtor para buscar este comprometimento, o supermercado continua desconectado e usando o leite para fazer o chamariz, ele usa o leite para fazer ofertas e pressiona este mercado para baixo”, explica o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva.
Márcio Lehnen, que é diretor-executivo do laticínio Latvida, aponta que a incerteza da economia é um dos motivos para que tanto empresa como produtor não tenham estabilidade nos negócios.
“O consumidor não tem dinheiro suficiente para comprar tudo aquilo que ele precisa da cesta básica, o leite longa vida é um alimento de primeira necessidade então ele impacta muito o consumidor”, comenta. Outro motivo que tem gerado problemas ao setor leiteiro é a importação do produto de países vizinhos.
O produtor rural Aldair Lenhard, que já havia abandonado a atividade e recentemente voltou a produzir leite, conta que a concorrência aliada aos altos custos de produção têm prejudicado os agricultores. Enquanto a cotação do leite pago ao produtor no Rio Grande do Sul caiu 8% em apenas 90 dias, os custos de produção aumentaram 10%.
“É bem complicado porque às vezes você faz um cálculo, aumenta a produção, mas o custo aumenta junto. Então na verdade, às vezes, há uma limitação de se fazer um investimento muito longo,. É bem complicado porque a gente tem que ter bastante cautela, este setor exige conta”, desabafa.