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Quadrilha especializada provoca aumento de roubo de gado e máquinas agrícolas

Ocorrências têm causado prejuízos milionários no Rio Grande do Sul; polícia não consegue frear ação dos criminosos, que geralmente agem em grupos e à noite

Fonte: Pixabay/Divulgação

O aumento nos casos de roubo de máquinas agrícolas e de gado preocupa produtores do Rio Grande do Sul e vem causando prejuízos milionários em algumas propriedades. De acordo com a Polícia Civil, o crime é cometido por quadrilha especializada.

Luiz Chemale é produtor na cidade de Tapes há mais de 30 anos e, apesar da longa experiência no campo, teve recentemente o seu primeiro trator roubado. Segundo ele, a quadrilha ainda levou duas máquinas de outro produtor que planta nas terras dele. Os criminosos invadiram a fazenda durante a noite e renderam o capataz.  “Eles entram dizendo que não vão machucar ninguém, rendem todo mundo e levam as máquinas. Então, é uma coisa que tá se tornando contínua”, disse.

Por sorte, o produtor conseguiu recuperar o trator poucos dias depois. O veículo foi encontrado em Pranchita, cidade que fica no interior do Paraná, já na fronteira com a Argentina. “Descobrimos o meu trator na internet e fomos atrás. O cara estava vendendo e ligamos pra ele pra ‘comprar’. Chegando lá, o trator estava com o receptador, que é quem comprou do ladrão. Ele disse que comprou na boa-fé”, disse Chemale.

Foram encontrados documentos falsos de compra e venda do trator no local. Segundo o produtor rural, os criminosos prepararam um documento em Porto Alegre para poder rodar. “São pessoas organizadas, é um troço organizado, tem cabeça pensante nisso aí”, disse.

Outros casos

Ao que parece, esse tipo de crime tem virado rotina na região. Ao todo, cinco casos foram registrados nos últimos meses, número que surpreendeu até a delegada local, Liliane Kramm. “Nós não tínhamos uma criminalidade desse tipo aqui em Tapes. Eu estou há quase dois anos aqui e, também pelo que conheço das regiões policiais, esse é um tipo de crime que está acontecendo com muito mais frequência em Tapes e na região.”

Segundo o chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Emerson Wendt, as investigações mostram que se trata de uma quadrilha especializada, que vende os tratores roubados para outros estados e até para outros países. “Em regra ele é encomendado ou tem uma destinação praticamente certa até pela questão do tamanho e do valor envolvido. Algumas ações dos criminosos antes, durante e após o fato acaba facilitando com que a polícia possa recuperar. As dificuldades maiores são quando o destino desses bens subtraídos são outros estados ou até mesmo outros países”, disse.

Abigeato

Outro crime que também tem assustado e trazido prejuízo aos produtores da Região Sul é o furto de gado, também chamado de abigeato. As ocorrências cresceram nos últimos anos e a polícia não consegue frear a ação dos criminosos, que geralmente agem em grupos e à noite. “Os animais estão no campo, as propriedades são extensas, e sempre vai ter uma área de mata;mesmo quando não há, se (os criminosos) ficarem longe da estrada, já não são percebidos com facilidade”, disse a delegada de Tapes.

Para o pecuarista Cláudio Evangelista Tavares, que atualmente tem 850 animais, o prejuízo chega a 70 animais por ano. “Nós estamos acumulando um prejuízo financeiro de R$ 100 a R$ 150 mil por ano”, disse.

Para diminuir os prejuízos, o produtor contratou segurança privada e instalou câmeras de segurança na propriedade. O problema é que nem isso diminuiu o ímpeto dos criminosos. “Notei uma pouca eficácia do sistema pela dificuldade desse controle, que geralmente se dá durante a noite. Os criminosos já perceberam a nossa segurança e acabam entrando por locais onde os nossos funcionários não conseguem cobrir”, disse o pecuarista, que afirmou que entregou seu patrimônio “à própria sorte”.

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