A colheita de figo já foi iniciada no Rio Grande do Sul e, para a surpresa dos produtores, a qualidade é boa. Já foram colhidos 25% do volume e agricultores se surpreenderam com o resultado, já que as chuvas fora de época, em novembro e dezembro de 2015, prejudicaram o desenvolvimento da planta e causarão a quebra da safra.
De acordo com Orestes Gabardo, produtor rural, a perda ficou em torno de 20 a 30%. O alto preço para manter a lavoura também preocupa. Mais de 50% do valor do produto final é gasto com mão de obra e alguns insumos dobraram de preço.
Para Gabardo, é mais vantajoso colher o figo maduro, já que ele recebe de R$ 6,00 a R$ 7,00 pelo quilo. “Hoje o custo de produção, se é indústria, no sistema que eu faço, figo de mesa, não seria viável. Hoje eu pagaria para trabalhar. Mas como eu tenho uma grande parte que é de mesa, figo consumo, eu me salvo por ali”, conta.
Produtores da região do Vale do Caí também enfrentam a baixa produtividade nesta safra. O técnico em agropecuária da Emater-RS, Celso Postai, explica que além de fatores climáticos negativos, como baixa temperatura, muita chuva e pouco sol, a desnutrição também afetou as colheitas. “Aumentou muito o custo dos insumos e o produtor, naquela incerteza se iria conseguir repassar ao preço do produto, não pode aplicar as adubações como deveria, então a planta também sofreu por uma desnutrição.”
Outro problema é a broca da grafolita, que se alimenta de seiva. Transtorno antigo, os produtores já sabem a melhor forma de lidar com a praga. Porém, o que vem preocupando é o ataque frequente de ferrugem. Postai explica que em condições normais, alguns galhos de meio metro teriam, na verdade, quase dois metros.
Apesar da ferrugem não ser uma novidade, Gabardo afirma que este ano está sendo mais difícil. “Se a gente não acompanha bem os tratamentos, tem perda”, reforça o produtor rural.