Nesta sexta-feira, 24 de julho, é comemorado o Dia do Suinocultor e, neste ano, a comemoração é especial. A atividade vive um 2020 histórico e pode atingir a marca recorde de 1 milhão de toneladas embarcadas. Além disso, os preços também dispararam.
No Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor do país, o preço do suíno chegou ao maior patamar dos últimos 18 anos, com alta de 34% nas últimas quatro semanas. E é por lá que a nossa equipe vai conhecer granjas e agroindústrias que apostam na robotização para melhorar a competitividade, a qualidade de vida dos produtores e o bem-estar do plantel.
Moacir é suinocultor e conta que, no início, a própria família não acreditava muito nas vantagens do robô. Agora, ele garante que ganhou mais qualidade de vida e melhorou a gestão da propriedade. “As novidades que aparecem no meio rural sempre enfrentam alguma resistência. Mas com o passar do tempo, todos viram que era algo importante e que vinha para ajudar na propriedade. Tivemos uma dificuldade de adaptação nos primeiros dias apenas, pois robô é preciso, que depende de uma programação para a distribuição da ração por animal”, disse.
Segundo o pecuarista, os ganhos da propriedade melhoraram com a tecnologia. “Com ele, achamos o equilíbrio. Deixamos de ter um ganho que oscilasse no extremo para mais ou para menos. O robô dá essa segurança, principalmente, na terminação de suínos”, contou.
Segundo ele, antigamente tinha uma pessoa exclusiva para fornecer ração aos animais quatro vezes ao dia. “Eu consigo desenvolver outras atividades que me ajuda na economia. A instalação do robô facilitou nosso dia a dia, sobra tempo para nós descansarmos.”
Roque Poltronieri, da cidade de Rodeio Bonito, no norte do Rio Grande do Sul, também investiu na tecnologia e não se arrepende porque conseguiu reduzir as as despesas com a mão de obra. “A rotina depois que que eu instalei o robô ficou mais fácil, diminuiu 80% por cento a mão de obra, sobra mais tempo”, disse.
A tecnologia já tem 400 unidades em operação nos três estados da região Sul. Além de oferecer maior precisão na distribuição da ração aos suínos, o robô alimentador ainda toca música clássica, o que ajuda no bem-estar animal.
Uma pesquisa conduzida pela Universidade de São Paulo demonstrou que o enriquecimento sensorial do ambiente diminui o comportamento agressivo dos animais e a manutenção da taxa de engorda com um consumo menor de ração, o que tem grande impacto no custo de produção dos suínos.
A robotização da produção, conhecida como a suinocultura 4.0, já é novo padrão para o mercado brasileiro, ajudando, inclusive, na pandemia da Covid-19, garante Giovani Molin, diretor da empresa que desenvolveu o robô.
O equipamento controla, por exemplo, quantas gramas ou quilos de ração são distribuídos por suíno a cada trato. O sistema realiza a alimentação dos suínos nas baias em horários pré-determinados e o ajuste em tempo real, conforme o consumo dos animais, com o mínimo de interferência dos suinocultores, no processo. Hoje, cerca de 70% do custo de produção da carne suína está diretamente ligado ao consumo de ração.
“O robô alimentador de suínos, ele percorre toda a extensão do galpão, entregando com precisão, dia a dia, trato a trato, baia a baia, a quantidade programada pelo produtor e orientada pela agroindústria, conforme a necessidade de cada animal”, disse Giovani.
“O robô faz o trato de forma 100% automatizada, sem a dependência do produtor. O que antes, uma granja de mil animais, onde tem uma demanda de quase 3 toneladas por dia, onde o produtor fazia no braço, com a força, hoje, o robô faz de forma automatizada, sem depender do esforço físico por parte do produtor e fazendo o trato na hora programada, desejada, para o bem estar animal, trazendo qualidade de vida para o produtor, trazendo melhores resultados financeiros, sem esforço físico, com melhores resultados para o produtor e agroindústria”, completou.
Investimento
Para tecnificar a granja, o diretor da empresa explica que existem vários programas que facilitam a compra desses aparelhos. “Hoje, para o produtor aderir à tecnologia existem linhas disponíveis no mercado, linhas de financiamento, Pronaf, Mais Alimento, Inovagro e outras linhas disponíveis, onde o produtor faz o investimento e a parcela acaba sendo acima de R$ 350 e ele já consegue ter toda a adesão dessa tecnologia. Só com que ele retira de resultado no primeiro lote, por melhor resultado, uma melhor qualidade na produção, ele já paga a prestação e sobra dinheiro”, disse.
Neste momento de pandemia, com a restrição de mão de obra e contato, o robô tem sido uma alternativa para o manejo dos animais. “Dessa forma, a agroindústria consegue ter o o acompanhamento em tempo real de tudo o que está acontecendo naquele produtor, podendo entender o que está acontecendo, ajustar e corrigir. É a suinocultura 4.0 ajudando o dia a dia, mesmo no momento de pandemia”, finalizou.