A greve dos caminhoneiros que atingiu o Brasil no último mês ainda traz reflexos no agronegócio., tanto que o setor produtivo destinado à fabricação de biocombustíveis acredita que a política do Renovabio pode ficar comprometida após o governo baixar o preço do diesel fóssil nas refinarias. Segundo especialistas, sem a mesma subvenção do governo, o biocombustível acaba perdendo a competitividade no mercado.
Para a associação que representa as indústrias de óleos vegetais, em setores como o da soja, ocorre um acúmulo de tributos, como PIS e Cofins sobre a venda do farelo e do óleo. Como o custo acaba sendo maior do que o da exportação da soja em grão, as exportações da matéria prima in natura no brasil crescem mais do que do produto com valor agregado.
“O problema é que a gente gera menos farelo e óleo no mercado doméstico, como a gente tem uma oferta de matérias-primas menor, acaba ofertando menos insumos para a indústria de aves e suínos e menos óleo para produção de biodiesel. A gente poderia ter no Brasil um percentual maior de biodiesel, caso houvesse uma tributação mais adequada à agregação de valor no país”, disse o gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Amaral.
A readequação da carga tributária que incide sobre o produto processado a partir das oleaginosas foi tema da Câmara Setorial de Biodiesel do Ministério da Agricultura. O setor ainda não sabe como, mas formula propostas ao governo para que o óleo utilizado para a fabricação de biodiesel fique com preço mais competitivo.
A avaliação feita é de que a política do Renovabio pode ficar comprometida caso o governo não interfira. Atualmente, 10% vendido nas bombas é composto por biocombustível e, pela iniciativa, a expectativa é atingir 20% em 2028.
“Temos como meta aumentar a utilização do biodiesel, mas para isso é preciso ter competitividade. Quando a gente tem essa subvenção de 30 centavos por litro para um diesel fóssil, acaba prejudicando o nosso projeto. Ao fazer as contas, o empresário não investe se não tiver o lucro no final”, comentou o presidente da câmara setorial, Júlio César Minelli.