Um estudo feito pela Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), aponta que o produtor do estado teve mais renda nesta safra e um dos fatores que possibilitaram esse lucro foi a alta do dólar nos últimos meses. De acordo com o levantamento, as principais culturas do estado cresceram 12% em rentabilidade, apesar de uma produção mais baixa em relação ao ano anterior.
“Dos R$ 39 bilhões faturados, praticamente R$ 27 milhões vieram do setor de grãos que está sendo colhido. Quanto mais se faturar no Rio Grande do Sul, mais riqueza para nós. Estamos distribuindo para a nossa população gaúcha e não temos a menor dúvida quanto a isso”, disse Gideão Pereira, presidente da entidade.
Soja e milho foram as culturas mais rentáveis para o produtor com um aumento de aproximadamente 25% em relação ao no ciclo passado. “Nós tivemos uma melhora substancial no preço nas últimas semanas. Nós devemos ter tanto soja como milho com uma produção mundial menor do que o consumo, o que baixa o estoque e aumenta o preço e, por fim, fem a taxa de câmbio que está na casa dos R$ 3,60 e melhora bastante o faturamento em reais”, contou o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.
Arroz e trigo
Para o setor do arroz, a situação é oposta. O faturamento com o cereal caiu e o setor enfrenta grave endividamento, buscando junto às indústrias a tomada de empréstimos, o que tem feito o poder de negociação diminuir.
“A indústria recolhe aquilo que ela praticamente emprestou como se fosse um agente financeiro e depois que ela faz um balanço para saber o que vai precisar comprar. Com isso, o produtor não tem mais aquela força de venda do produto na hora que ele considera mais apropriada”, disse o presidente da comissão de arroz da Farsul, Francisco Schardong.
O estudo também revelou que a safra no estado deve acrescentar R$ 129 milhões ao Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul. O plantio do trigo, que inicia em menos de um mês, e tem previsão de encolhimento de área de 5%, também pode ser impactado positivamente pelo faturamento da soja.
“Por mais que os preços pra trigo de qualidade tenham se movimentado para cima nesses próximos dias, o produtor faz as contas e vê que ainda precisa colher em torno de 60 sacos de trigo para empatar. Isso significa uma produtividade muito alta e nos remete a um cenário de preocupação. No entanto, o próprio cenário da soja – com valores bastante expressivos – pode movê-lo a diminuir essa tendência de redução”, concluiu o presidente da comissão de trigo, Hamilton Jardim