Produzir leite no Brasil, hoje, é considerado um desafio. O setor enfrenta uma crise severa, com margem de lucro estreita ou mesmo nula. A alta do dólar elevou a competitividade do produto nacional, freando as importações — que ficaram 47% abaixo neste semestre frente ao mesmo período de 2017 —, mas também prejudicou a cadeia em outro ponto bastante delicado: os custos de produção.
O maior impacto foi sentido nos valores de rações e medicamentos. Em Piracicaba, interior de São Paulo, o pecuarista Arlindo Gimenes conta os gastos aumentaram 20% no último mês. “Está dando prejuízo! Faz 60 anos que eu faço isso. No começo era bom. Agora, já não tem mais jeito”, desabafa. Para piorar a situação, o segundo trimestre é o período em que os produtores mais precisam dar suplementos ao gado, devido ao menor volume de pasto disponível.
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Valter Galvan, analista de mercado da Milk Point, diz que apesar da alta na cotação do leite prevista para os próximos meses, a rentabilidade com a atividade deve encolher. “Estamos com margem 20% abaixo, comparado ao período de janeiro a abril do ano passado, em função do preço do leite mais baixo e os de soja e milho, mais altos”, explica.
O engenheiro agrônomo Tiago Cavalheiro, que presta consultoria aos pecuarista do interior de São Paulo, afirma que está cada vez mais difícil permanecer na atividade. A dificuldade de escoamento agrava ainda mais o cenário. “Para escoar o produto está meio complicado. Antes, o leite era a principal atividade. Hoje, o pessoal plana cana, eucalipto etc”, relata o técnico agropecuário.
