O Rural Notícias mostrou, há quase três anos, o aumento das áreas plantadas de soja e arroz no Rio Grande do Sul. Na época, a rotação entre as duas culturas vinha aumentando e as projeções eram otimistas. Porém, nas últimas duas safras o crescimento parou e a área plantada permanece a mesma.
Nossa equipe voltou ao local para entender o que vem desmotivando os produtores a continuar a adotando a rotação entre as duas culturas e descobrimos que a variação no clima não foi propícia para o plantio da soja. Choveu muito na época de plantio e os produtores recuaram, mas, segundo o engenheiro agrônomo do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Igor Kohls, que pesquisa cultivares de soja adaptáveis à região, a rotação vai voltar a crescer e pode saltar de 300 mil para 500 mil hectares nos próximos anos.
“Com certeza tem espaço porque a rotação traz muito benefícios não só para o arroz, mas como o produtor pode ganhar muito dinheiro com a soja também”, disse.
Os produtores descobriram que a rotação entre as culturas ajudou a eliminar a planta daninha arroz vermelho, que estavam invadindo as plantações de arroz com muita frequência. “A entrada da soja nestas áreas quebrou este ciclo da planta daninha e possibilitou a viabilidade novamente das áreas de arroz”, disse Kohls.
Apostando no sucesso dessa rotação, o produtor Luiz Felipe Rechsteiner acaba de plantar 1,2 mil hectares de arroz e já está semeando uma área igual, mas dessa vez com soja. “O arroz é uma gramínea e a soja uma leguminosa, então as necessidades das plantas são diferentes. Com isto, a gente consegue manejar melhor o problema de resistência e existe um potencial de aumento de produtividade de 15 a 20 sacas por hectare quando se planta o arroz em cima desta resteva”, falou.
Além de uma área maior, o objetivo do setor arrozeiro é alcançar uma produtividade de 100 sacas por hectare. A meta é ousada, mas para quem jamais imaginou algum dia ver soja nesta região, não parece nada impossível.
“A gente já tem áreas que conseguem chegar a 100 sacas, mas a gente tem que conseguir uma estabilidade de produção. Por esse motivo estamos com várias práticas de manejo adequando desde a época de semeadura e proteção e monitoramento da lavoura para termos a capacidade de chegar a 100 sacas. Se não chegar, conseguindo elevar a média da região de 35 sacas para 60, 70 ou 80 sacas já vai ser um grande benefício para os produtores”, finalizou Kohls.