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Rural Notícias

Roubo de defensivos agrícolas cresce 40% em Mato Grosso

De um lado, produtores contam o que têm feito para se proteger; do outro, a Polícia Militar nega que falte pessoal e estrutura para combater o crime organizado

propriedade, terras
Foto: Pixabay

O número de roubos de defensivos químicos em Mato Grosso aumentou em 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado (Sesp-MT), de janeiro a dezembro de 2017, foram registrados 15 roubos, a maioria, realizada em propriedades rurais. Neste ano, no acumulado até novembro, já foram 21 casos. Houve queda na contabilização de furtos: 48 ocorrências registradas no ano passado contra 37 em 2018 (até novembro).

Umas das vítimas foi Alceu Cavalheiro, gerente técnico de uma propriedade rural situada às margens da rodovia MT-249, principal ligação entre os municípios de Diamantino e Campo Novo do Parecis. De acordo com ele, os assaltantes o abordaram durante a noite e o mantiveram como refém por cerca de nove horas, até ser libertado pela manhã.

“O pessoal é profissional no que faz. Não tinham pressa e estavam fortemente armados. Se houvesse policiais aqui, provavelmente não dariam conta. É muita gente”, conta.

Cavalheiro aconselha produtores que passarem pela mesma situação a não reagir e sempre cooperar com os criminosos. “O que salvou a gente foi que todos falaram o que eles queriam saber, por isso não machucaram ninguém”, diz.

Na mira dos bandidos

Outras propriedades rurais situadas às margens da mesma rodovia também foram vítimas de criminosos. Além do prejuízo, outro desafio enfrentado pelos produtores é tentar convencer os funcionários a continuar na propriedade. O medo e a vigilância constante fazem com que os trabalhadores não queiram morar em fazendas e até mesmo parar trabalhar.

Para o produtor Altemar Krolling, a solução temporária está sendo melhorar a segurança com a instalação de sistemas de vigilância, alarmes, cercas e cachorros. Manter o produto o mínimo de tempo possível na sede da propriedade também está sendo um método adotado para não despertar o interesse das quadrilhas.

Entidades ligadas ao setor produtivo da região também reclamam da falta de segurança no campo. Segundo o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, a situação chegou a um ponto insustentável. “Não existe ninguém com quem você converse no país que não se sinta inseguro dentro da sua propriedade”, diz.

Porte de arma

A legislação atual permite o porte de armas em situações excepcionais. Conforme o Estatuto do Desarmamento, o porte pode ser concedido para pessoas maiores de 25 anos, sem antecedentes criminais, com residência comprovada e mediante uma comprovação da necessidade da arma.

A burocracia do processo, entretanto, acaba desmotivando muitos produtores a tentar o porte. “Estamos abandonados no campo. Ou o Estado nos dá segurança ou precisa nos permitir fazer a nossa própria’, afirma Cadore.

Poder público

O coronel Delwison Sebastião Maia da Cruz, subchefe do Estado-Maior da Polícia Militar de Mato Grosso, diz que medidas já estão sendo tomadas para conter a onda de criminalidade no campo. A articulação de patrulhas rurais, aliada ao uso de armamentos mais específico e treinamentos especializados estariam fazendo a diferença.

Cruz reforça que a PM do estado possui efetivo e equipamentos suficientes para controlar o crime.

O secretário de Segurança Pública do estado, Gustavo Garcia, também afirmou que o trabalho de inteligência tem se intensificado para prender os receptadores. Mas, segundo ele, o problema é que a pena para esse tipo de infração – que atualmente vai de 1 a 4 anos – é pequena e precisa ser revista. Garcia diz ainda que, por conta disso, não adianta se esforçar para prender os receptadores, pois eles serão soltos logo depois.

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