O roubo de gado tem se tornado cada vez mais comum na região do Triângulo Mineiro. A falta de rigor na lei tem alarmado produtores rurais e, segundo a polícia, estimulando a ação dos bandidos. No ano de 2016, a cidade de Uberaba (MG) registrou 24 ocorrências relacionadas a esse tipo de crime e alguns pecuaristas foram vítimas em mais de uma oportunidade.
Luiz Carlos Rodrigues lembra com clareza das três vezes em que sua propriedade foi invadida no ano passado. “Na primeira, roubaram toda a fábrica de ração, os motores e bombas d’água, além de um tourinho. Na segunda vez, um mês depois, me levaram duas novilhas que estavam no pré-parto e, na terceira, levaram outra novilha que estava no trabalho de pré-parto”, disse.
Após essa onda de crimes na região, apenas duas pessoas foram presas e libertadas pouco tempo depois. A pena para quem pratica o roubo de gado varia de dois a cinco anos de prisão, mas, em alguns casos, o bandido precisa cumprir apenas um terço da pena em regime fechado.
“Nós estamos com algumas investigações já direcionadas com possibilidade de identificação de autores, pois quando você consegue prender um ladrão de gado, você consegue identificar uma série de furtos praticados pela quadrilha nesse sentido. Acredito que existam de duas a três quadrilhas de roubo de gado na nossa região”, falou o delegado-chefe do 5º Departamento de Polícia Civil de Uberaba, Heli Andrade.
Segundo o policial, a maioria desses crimes ocorre à noite, o que dificulta a investigação. Ele diz ainda que a identificação de veículos estranhos pode ajudar o trabalho da polícia. “Os funcionários da fazenda sempre que notarem um veículo diferente, anote a placa. O roubo pode ocorrer em outro lugar e, essa placa anotada pode ajudar a polícia na identificação dos autores.”
O patrulhamento da zona rural em Uberaba é por 12 policiais militares em quatro viaturas, em uma área que abriga quase 4 mil propriedades. “Nós estamos formando 218 policias militares e vários serão direcionados também para potencializar essas ações nas áreas rurais. Nós acreditamos que a formação desse efetivo e a formação de um novo batalhão que está previsto para o próximo ano vão ajudar bastante na redução da criminalidade, tanto da área urbana como da área rural”, informou o tenente-coronel Valdemir Soares Ferreira, comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar.
Para o presidente do Sindicato Rural de Uberaba, Romeu Borges, é preciso que todos os órgãos trabalhem juntos. “É um jogo da fiscalização sanitária, Polícia Militar, da Polícia Civil, Ministério Público e dos juízes, para punir exemplarmente este tipo de crime”, falou.