Os produtores de arroz irrigado do Rio Grande do Sul estão animados com o preço alcançado pela saca do grão. Mas a Federação de Agricultura do estado (Farsul) alerta que eles devem se preparar para uma temporada que pode atingir o maior custo da história, superior em 7% ao do ciclo passado, que já havia atingido um patamar recordista.
Segundo o economista da Farsul Antônio da Luz, atualmente estariam mais caros os agroquímicos, o frete, os combustíveis e, sobretudo, o custo do dinheiro. “O financiamento do capital está muito caro e, se fôssemos plantar a safra hoje, ela seria 7% mais alta (do que a 2015/2016)”, conclui.
Mesmo com o setor endividado e com custos mais altos, o economista não acredita na redução de área de arroz no estado. Da Luz acredita que o produtor rural tem a seu favor o preço do grão e o clima como fatores fundamentais para uma safra positiva.
“Com a saída (do fenômeno climático) El Niño e se encaminhando o La Ninã já com as barragens cheias, o Rio Grande do Sul tem tudo para registrar produtividade de arroz melhor do que a do ano passado”, afirma. A expectativa de produção está próxima de 12 milhões de toneladas.
Safra 2015/2016
Na última safra, a energia elétrica foi a principal responsável pela elevação dos custos da cultura de arroz. Antônio da Luz afirma que, em relação à temporada anterior, os arrozeiros arcaram com aumento de 106% nos custos relativos a esse item.
As chuvas em 2015 também contribuíram para o encarecimento da cultura, pois obrigou os produtores a reaplicar insumos e replantar o grão em algumas áreas. Agora, os agricultores tentam compensar perdas aproveitando os preços do arroz, que estão atrativos.
O produtor Álvaro Ribeiro, de Guaíba (RS), conta que a saca do produto vem sendo cotada a R$ 50 no município, valor que estaria 32% acima do alcançado há um ano. Segundo ele, isso seria suficiente para cobrir as despesas decorrentes dos problemas enfrentados na safra passada.
O preço do arroz estaria inserido numa nova realidade de mercado, pautada pela escassez de produção interna, resultando em valores próximos do recorde para o grão, afirma o analista Élcio Bento. “A gente tem uma produção que é 1,5 milhão de toneladas abaixo do nosso consumo”, diz.