A alimentação do gado pode representar até 70% do custo de produção na pecuária, afirma o diretor-técnico da Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP), Argeu Silveira. “É uma característica de alto impacto, e o criador pode aumentar em até 20% o número de matrizes com a mesma quantidade de pasto. É uma característica importantíssima do ponto de vista comercial, por isso tanta preocupação”, defende.
Uma forma de reduzir esse gasto, de acordo com o professor da Universidade da Califórnia Bob Sainz, é avaliando a eficiência alimentar dos animais. “Nada mais é do que você extrair mais com menos. É o animal que consegue produzir a carne com menos insumos, menos alimentação, e isso é fundamental para qualquer sistema produtivo”, explica.
Para conseguir aumentar a eficiência de conversão de nutrientes, o primeiro passo é calcular a quantidade do que cada animal consome. O trabalho é complexo, mas já existem equipamentos automatizados que fazem o serviço. O produtor Luciano Borges investiu nisso e diz que o investimento vale a pena. “Para mim não existe nada hoje, característica nenhuma, com significado econômico maior do que o consumo alimentar. Será ou já é o grande pulo do gato dessas próximas décadas”, conta.
Além das vantagens econômicas, a eficiência alimentar diminui o impacto ambiental. “O animal que come menos para produzir a mesma coisa ou mais também vai, automaticamente, ter menos dejetos e menos emissão de gases efeito estufa”, esclarece Sainz.
De acordo com o presidente da ANCP, Raysildo Lôbo, mesmo diante de tantos benefícios, o Brasil ainda está engatinhando no processo de utilização da técnica. “Nós temos pouca coisa ainda em melhoramento com relação à eficiência alimentar, são poucos os programas que usam. Diria que não mais do que três programas estão usando a eficiência”, diz.