O governo de São Paulo apresentou nesta quarta, dia 26, um novo projeto para aumentar o uso de cana-de-açúcar na matriz energética. O programa vai estimular a produção de bioeletricidade nas usinas no interior paulista. O anúncio foi feito durante a 23ª edição da Fenasucro, que ocorre nesta semana, no interior paulista.
No projeto piloto foram selecionadas dez usinas, com capacidade para exportar energia para o sistema interligado estadual. Juntas, elas têm quase três milhões de hectares cultivados com cana.
– Elegemos uma região de São Paulo onde nós temos a maior concentração de usinas, a região nordeste do estado, compreendendo as regiões administrativas de Franca, Ribeirão Preto, Barretos e Catanduva, onde nós temos 34 usinas para fazer um diagnóstico de qual é o problema da cogeração, fizemos uma varredura no sistema elétrico e identificamos que já estamos produzindo nessa região 750 megawatts de potencial – afirmou João Carlos de Souza Meirelles, secretário de Engenharia de São Paulo.
Até 2016, as dez usinas cadastradas no projeto devem produzir juntas cerca de 270 megawatts de potência a mais no sistema estadual. Cerca de 36% do atual volume produzido na região, o suficiente para abastecer uma cidade com aproximadamente 350 mil habitantes.
– Isto é uma atividade inteiramente privada, cada usina pode fazer isso, se precisar de financiamento, nós estudaremos. Mas hoje nós já temos aqui na região uma parceria com uma empresa concessionária de gás que já está promovendo isso – completou o secretário.
Gás biometano
Após o anúncio do novo programa, o secretário também assinou um protocolo de intenções para estimular a produção do gás biometano. O objetivo é substituir o uso do diesel nas usinas por fontes de energia menos poluentes.
O projeto, uma parceria do governo estadual com empresas privadas, utiliza a vinhaça na produção de biometano. Segundo os participantes, o gás mantém o mesmo nível de eficiência que os combustíveis tradicionais, mas com custo de produção 50% menor na comparação com o diesel.
– Nós usamos a vinhaça porque em termos de potencial de produção de biometano em volume, é o maior volume de potencial de biometano que você tem no planeta. Nós não temos nenhum tipo de afluente que tenha a mesma carga de “DQO” que a vinhaça, e como esse produto hoje é usado na fertirrigação, essa parte do carbono ela não é aproveitada e você tem esse potencial todo na vinhaça sendo desperdiçado – explica Carlos Alberto Xavier, da Bioenergia Consulting.
A fonte de energia também poluí menos. O metro cúbico do gás biometano emite 2,6 quilos a menos de gás carbônico do que o litro do diesel. Por enquanto, o projeto é voltado apenas para as usinas, mas no futuro pode chegar ao consumidor
– Nós temos uma série de unidades já prospectadas, temos três usinas em fase de conclusão de contrato. A primeira unidade deve ser construída agora nesse segundo semestre, para entrar em operação na safra de 2017, abril de 2017 – concluiu Xavier.