Os produtores de hortaliças estão encarando um prejuízo por causa da proibição do uso do herbicida paraquat. A restrição do produto dificulta o manejo de plantas daninhas e encarece o custo de produção.
O paraquat foi um dos primeiros herbicidas a ser utilizado no Brasil, no início da década de 1960. O produto é empregado em muitas culturas no período pré-colheita, para dissecação dos grãos. Já na horticultura ele ajuda no manejo de plantas daninhas.
“A ausência desse produto na horticultura vai encarecer o custo de produção e exigir que o produtor utilize medidas alternativas, que necessitam de mais mão de obra para eliminar o mato”, diz Pedro Christoffoleti, especialista em manejo de plantas daninhas da Esalq/USP.
No ano passado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu o uso do paraquat por entender que o herbicida pode causar mal de parkinson aos trabalhadores que manipulam o produto. A entidade concedeu um prazo de três anos de transição até a proibição total do paraquat no país.
Durante esse período, o uso do produto está autorizado com algumas medidas restritivas. Entre elas, a necessidade de aplicar o produto com trator cabinado.
“Como a horticultura geralmente é em cultivo de áreas pequenas, isso inviabiliza ao produtor o uso do herbicida em pequena escala. Para a horticultura, isso significa um banimento imediato do produto”, afirma Christoffoleti.
O produtor de hortaliças Nelson Makoto utilizava o produto havia mais de 40 anos. Com ele, fazia o manejo de plantas daninhas no período de entressafra. A aplicação do herbicida sempre foi manual e, segundo ele, o uso de tratores inviabiliza o processo.
“O custo sobe muito porque antes era uma capinagem química, e agora é com enxada, e isso demanda muita mão de obra, além de não ser eficiente”, diz Makoto.
O especialista em manejo diz que existem alternativas, mas que nenhuma delas é viável ao pequeno produtor.
“Existe o glifosato, mas é um produto de ação lenta e também existe algumas plantas daninhas que ele não controla. Caso não utilize alternativas químicas, há o complicado controle manual ou então a plasticultura, que é o uso de plástico polietileno. Essa prática é extremamente cara e viável apenas em culturas de alto valor comercial”, diz Christoffoleti.
Segundo o produtor Makoto, foi desenvolvido um manejo para ser mais eficiente e, numa canetada, essa possibilidade deixou de existir. “Acho que falou mais estudo”, conclui.