No meio do sertão surge o maior polo exportador de frutas do país. O vale do rio São Francisco, na divisa de Pernambuco com a Bahia, é referência em tecnologia e qualidade de produto.
Mais de 35 mil hectares de produção de frutas colorem de verde a paisagem árida do sertão. A uva e a manga são as principais culturas da região.
A qualidade das frutas é tão grande que a maior parte do que é colhido vai para outros países. O vale do São Francisco exporta 700 mil toneladas de frutas por ano.
Todo esse potencial atrai até produtores estrangeiros. Há 17 anos, Koen (pronuncia kunn) Robert trocou a Bélgica pelo Nordeste do Brasil. No país de onde veio, o clima frio só permite a produção em estufas. Por isso, ele acredita que produzir no vale é mais fácil e barato.
“Isso só é possível na Europa dentro de uma estufa. Com uma produção controlada e com alta tecnologia. E aqui, ao ar livre, dá pra fazer a mesma coisa”, diz o produtor.
Neste ano, tanto a manga quanto a uva estão com boas produtividades. “Tivemos uma safra boa. A condição de produção no vale é favorável. Tivemos a possibilidade de colher bem, almejando o número que queríamos”, diz o produtor de uva Edson Gonçalves.
Com tanta fruta de qualidade, um dos objetivos dos produtores da região é criar uma certificação de origem, que indique que a manga foi produzida no vale do São Francisco. Mais uma maneira de valorizar o que é feito na região.
Mesmo em ano de crise, os fruticultores do vale do São Francisco não deixam de investir para serem competitivos no mercado externo. “Se não for assim, a gente não consegue se tornar competitivo. Por exemplo, o Peru tem uma mão de obra muito mais barata que a nossa. Se não compensar isso com altas produtividades, a gente fica até fora do mercado”, afirma o representante técnico comercial Isnaldo Sousa Santos.
A fruticultura gera mais de 15 mil empregos diretos na região. Apesar da grande demanda por trabalhadores, a escassez de oportunidades em outros setores faz com que o desemprego seja a grande preocupação de quem não tem alternativa além do trabalho na roça.
“Nas roças tá difícil. Quem tem um familiar aí arruma um emprego pra gente, mas não tá fácil não. Muita gente desempregada”, diz o trabalhador rural Adeilto Pinheiro da Silva.
Do lado que quem contrata, o desafio está em encontrar mão de obra qualificada e fixar esse pessoal na atividade. “Por ser uma área rural, não é fácil encontrar qualificação na mão de obra. A grande meta da gente é poder trabalhar com as mesmas pessoas no setor por mais tempo”, conta o produtor Edson Gonçalves.
O produtor Ivaldo Félix dos Santos concorda: “O vale precisava de uma qualificação maior do seu pessoal. Hoje eu tenho que buscar mão de obra na cidade. Porque aqui na área rural, além de escasso, quando a gente encontra é difícil ser uma pessoa que faça o que é ideal pra empresa”.