Setor de aves e suínos tem maiores custos, mas espera aumento das exportações em 2016

Gastos com energia elétrica tiveram impacto sobre a criação dos animais; produtor de frango reclama melhor remuneração 

Produtores de aves e suínos tiveram um ano difícil em 2015, em função dos constantes aumentos nos custos de produção. A elevação dos gastos com energia elétrica e com a ração, puxada pela alta dos combustíveis e frete, teve impacto sobre o desempenho da suinocultura. 

A avicultura fechou o ano com balanço positivo, mas também sofreu com a energia, sobretudo no verão, quando a conta chegou a dobrar. Além disso, o preço das aves não acompanhou a elevação dos custos.

Consumo

O consumo de carne de porco ficou retraído no último ano e a venda no mercado externo deve crescer no máximo 3% em 2016. Para o produtor Vinicius Mocelim, de Santa Catarina, a tarifa de energia elétrica aumentou no ano passado entre 40% e 50%, o que representa um acréscimo sensível nas despesas, já que a granja do criador consome de 7 mil a 8 mil quilowatts por hora.

A atividade sofreu um pouco mais do que a avicultura, já que o consumidor retraiu as compras de carne e migrou para o frango. “Quando sobrava um pouco mais de dinheiro optava pela carne bovina”, afirma o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Augusto Maia. 

Aves

Em 2015, os avicultores receberam cerca de R$ 0,45 por ave, enquanto o gasto para produzir ficou em torno de R$ 0,22 por exemplar. O ideal, de acordo com o produtor Mário Hummes, de Teutônia (RS), é que o preço pago fosse, no mínimo, de R$ 0,60 por ave.

Segundo ele, os custos da avicultura relativos a mão de obra, cama do aviário e energia tem aumentado ano a ano, sem contar o desgaste com os materiais da propriedade.

O último investimento de porte feito por Hummes na granja foi  na construção de um aviário, há três anos. Ele precisou investir cerca de R$ 350 mil, para pagar em dez anos. “Pegando esse dinheiro emprestado do banco a justos de 5,5%, torna-se inviável trabalhar na produção”, diz.

Exportações

Em 2015, a avicultura brasileira conseguiu driblar a crise econômica e assumiu o posto de segundo maior produtor de carne de frango do mundo, superando China. Hoje, o país representa 37% de tudo o que se exporta de canerne de frango no mundo. 

O frango se beneficiou de um mercado ruim, já que a carne bovina teve preços muito altos

Para o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, somando o Brasil com EUA e União Europeia, chega-se a 77% do total global. “Veja então que é uma responsabilidade também”, diz Turra.

O frango se beneficiou de um mercado ruim, já que a carne bovina flutuou pelo ano com preços muito altos. “O consumidor brasileiro mudou um pouco para a carne de frango, e com isso o setor teve uma demanda um pouco melhor e conseguiu emplacar preços maiores”, afirma Maia, do Cepea.

Segundo o pesquisador, as exportações dos dois segmentos devem ficar de 5% a 6% acima dos resultados de 2014, com a abertura de novos mercados compradores, como Estados Unidos e Japão. Para este ano, a expectativa é que os embarques de aves cresçam 5%, e os de suínos, no máximo 3%.

Os suinocultores devem ter alguma expansão do plantel, sustenta Augusto Maia. Na avicultura, espera-se realmente uma alta no setor, acreditando-se na expansão do mercado. A situação econômica e política do país tem influência sobre essa evolução, por isso, uma análise mais realista implica uma perspectiva de estabilidade, afirma o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo Santos.

Para o avicultor Mário Hummes, o produtor deve ficar atento e manter os pés no chão para não perder os ganhos já conquistados.