No primeiro trimestre de 2017, a pecuária brasileira enfrentou uma das piores crises da história. A Operação Carne Fraca colocou em cheque a credibilidade do que é produzido no Brasil, mas para surpresa do setor, a recuperação do mercado foi rápida. Agora, o foco é a expansão para novos mercados, já que 40% dos compradores internacionais ainda não são grandes consumidores da carne brasileira, entre eles Coreia do Sul, Japão, Indonésia, Canadá e México.
“Quanto mais a gente ampliar o mercado de exportação, maior é a nossa segurança de trabalhar aqui dentro, inclusive pela dificuldade que se tem de desmontar o boi e vender ele na proporção”, defende o consultor da Agroconsult, Maurício Nogueira.
Nesta perspectiva futura, a China é a que mais aproxima o Brasil da ampliação de mercado. Já com 15 unidades habilitadas, o país deve receber em janeiro de 2018 uma missão técnica chinesa que visitará 11 plantas. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, afirma que há espaço para expandir. “Isso é extremamente interessante, pois pode representar um acréscimo de US$ 1,7 bilhão e mais de 1 bilhão de toneladas”, conta.
Pós-crise
Neste ano, a expectativa é de que os embarques brasileiros cresçam 13% em faturamento e 9% em volume em relação a 2016. A carne in natura foi a que mais teve saída: entre janeiro e novembro deste ano, mais de 1 milhão de toneladas, gerando faturamento de US$ 4,6 bilhões.
Para Camardelli, o movimento positivo em exportações e preço médio ao longo dos meses demonstraram que a operação ficou restrita a um processo de corrupção pontual. Porém, segundo ele, ela foi importante para o setor. “Mostrou, não só para nós, mas para governo, que a gente precisa se readequar a um novo ambiente de negócio e não ter fragilidades para que se torne cada vez mais competitivo”, diz.
O bom resultado dos últimos meses reflete a capacidade do Brasil em ser o único a suprir a alta demanda do mercado internacional por carne bovina. O setor exporta para mais de 130 países. Camardelli diz que outros competidores internacionais não tem a característica da carne gourmet e que, mesmo em pequena escala ainda, nós somos campeões em carne culinária e carne ingrediente.
“Esta é uma distinção! Isso é uma demanda que país nenhum tem condição de suprir por conta da quantidade, perenidade e oferta; temos a carne verde, não usamos provador de crescimento, que é um pouco da garantia que passamos para a Rússia”, diz o presidente da Abiec.