A indústria brasileira de máquinas e equipamentos vive a pior crise dos últimos 80 anos e o setor aguarda ansiosamente por novas medidas do governo que acaba de assumir, como a diminuição dos juros e maior acesso ao crédito para retomar o crescimento.
De acordo com o último balanço da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), no primeiro semestre do ano o desempenho do setor caiu 28,6% na comparação com o mesmo período de 2015 e o desaquecimento fica evidente também no índice de desemprego, que empregou 8,8% menos em julho em comparação com o mesmo mês do ano passado.
Para o presidente do Conselho de Administração da Abimaq, João Carlos Marchesan, o momento pede para que o poder público tome uma atitude para mudar o panorama. “Nós esperamos que o Congresso tenha juízo nesse momento pra que foque no Brasil”, disse.
No segundo Congresso da Abimaq, que discutiu os rumos econômicos com a transição de governo, o agronegócio foi lembrado por empresários, economistas e políticos com uma das principais saídas para a retomada do crescimento nacional. Para o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o agronegócio tem sido o principal pilar da balança comercial brasileira.
“Na medida em que nós temos como Ministro o Blairo Maggi, que busca expansão de mercados, inclusive para produtos industrializados a partir do nosso agronegócio, eu vejo que a confiança é plenamente justificada. O Brasil é um mar de oportunidades e tem um potencial de projeção internacional muito subaproveitado e nós temos que aproveitar”, falou o ministro.
Diante do cenário econômico mais confiante, uma das principais dúvidas do setor agora é sobre as condições de compra de maquinários e implementos agrícolas. Com a inflação mais controlada, os especialistas apostam em juros menores e novas alternativas de financiamento para o agronegócio.
“A perspectiva do setor rural é muito boa. Você tem um suporte mesmo durante todo esse período de incertezas, as políticas de safra foram sempre muito boas e continuam boas, e é por isso que a indústria de máquinas agrícolas teve uma queda muito menor que as outras e vai continuar assim, o mundo vai continuar precisando do que o Brasil produz”, disse o economista Delfim Netto.
Na visão de Marchesan, talvez seja a hora de analisar outras maneiras de capitalização. “Nós temos quase R$ 80 bilhões que estão parados nos depósitos à vista. Esse dinheiro está rendendo zero aos bancos. Então, podemos liberar esse dinheiro. Basta disponibilizar linhas de recurso dos depósitos à vista”, finalizou.