Lideranças do setor sucroenergético reunidos na 25ª edição da Fenasucro & Agrocana, em Sertãozinho (SP), nesta quarta-feira, dia 23, cobraram agilidade do governo federal na tramitação para a formalização do RenovaBio. Eles esperam que o programa de incentivo à produção de biocombustíveis seja aprovado nas próximas semanas.
Um dos principais objetivos do programa é aumentar a participação dos biocombustíveis na matriz energética nacional. Se aprovado, criará um marco regulatório com regras que vão dar previsibilidade para quem produz energias renováveis.
A ideia é que o projeto gere uma receita extra para as usinas de cana-de-açúcar através da redução da emissão de poluentes. A presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Elizabeth Farina, afirma que, pela primeira vez, será reconhecida financeiramente a contribuição que esses combustíveis dão para a redução de gases de efeito estufa.
“O setor sucroenergético está aguardando com ansiedade e ficará muito frustado se essa medida provisória ou projeto de lei não sair do Executivo nas próximas semanas, para falar a verdade”, diz Farina.
A expectativa é aumentar a produção de etanol no país, saindo de 28 bilhões de litros para 50 bilhões por ano. Para atender essa demanda, serão necessárias 70 novas usinas até 2030. Isso também ajudaria as indústrias de base, que fornecem máquinas e equipamentos para as unidades processadores de cana.
“A sazonalidade de contratação – indústrias de base contratam principalmente na entressafra das usinas – não vai mais existir. Nós vamos ter o ano todo de serviços”, conta o presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br), Aparecido Luiz.
O encontro entre as lideranças do setor trouxe o balanço da atual safra no Centro-Sul do Brasil. A produção esperada é de 605 milhões de toneladas de cana. Já o mix de produção, proporção destinada para produção de açúcar e etanol, deve mudar até o final da temporada.
O presidente da Datagro Consultoria, Plínio Nastari, explica que, do ponto de vista de preço, muitos produtores e usinas executaram compromissos de exportação fixados no ano passado a preços mais elevados.
“Na medida em que esta execução dos contratos seja cumprida, nós prevemos uma virada de chave e um direcionamento maior para etanol na próxima semana. E isso deve levar o mix para açúcar acumulado até o final da safra na ordem de 48%”, pontua.
Fenasucro & Agrocana
A Fenasucro & Agrocana, uma das maiores feiras de tecnologia sucroenergética do país, prossegue até 25 de agosto. Além de levar informação ao público, o evento também difunde tecnologia. Neste ano, são mais de mil marcas em exposição. A expectativa é gerar uma receita de R$ 3,1 bilhões em negócios.
“O volume de negócios tende a crescer pela demanda da indústria interna e pelas indústrias da América Latina e Caribe, que estão com demanda de compra através das nossas rodadas de negócio”, afirma o gerente-geral da feira, Paulo Montabone.