O mercado mundial de soja começou junho com a notícia de que a China orientou suas empresas estatais a suspenderem as compras de soja e carne suína dos Estados Unidos, disseram fontes à Agência Reuters.
De acordo com o analista da Terra Agronegócio, Ênio Fernandes, a medida não teve grande repercussão na Bolsa de Chicago, que costuma refletir os acontecimentos do mercado interno norte-americano, porque o mercado não acredita que vá se manter. “O Brasil não tem muito mais soja para comercializar. Na Argentina, com as retenciones, as vendas são mais lendas. Então a China tem poucas opções”, diz.
Porém, segundo o especialista, caso a decisão se prorrogue ao longo da safra 2020/2021, o Brasil pode ser favorecido. “Teríamos um aumento nos prêmios interno, com forte disputa pela soja. E se no fim a China ainda precisar comprar dos EUA, podemos ter altas também em Chicago”, afirma.
No caso da carne suína, Fernandes acredita que o maior favorecido seria a União Europeia, grande fornecedora da proteína. “Claro que o Brasil vai ganhar mercado, não só da carne suína. Outras carnes vão precisar entrar para tapar o buraco deixado pela carne dos EUA”, pontua.
Em sua análise, o comentarista Miguel Daoud também aponta descrença do mercado em relação à decisão, mas caso se concretize pode favorecer o Brasil.
Daoud destaca que a tensão entre Estados Unidos e China não se dá por conta da pandemia de coronavírus. “Mas do senhor Donald Trump, que é candidato à reeleição e vem tentando angariar a confiança dos americanos, porque segundo pesquisas preditivas ele vai perder esta eleição. Então ele vem buscando arrumar um inimigo comum ao povo”, finalize.