Nos primeiros cinco meses de 2018, a cadeia produtiva de suínos teve prejuízo prejuízos em várias partes do Brasil e o setor ainda teme ainda que a tabela do preço mínimo do frete rodoviário aumente ainda mais o custo de produção.
Na suinocultura há 30 anos, Geraldo Salaroli enfrenta dificuldades nos últimos dois anos na produção que herdou dos pais. Segundo ele, a situação é ainda pior em 2018, quando chegou a ter prejuízo de R$ 60 por animal abatido. “A crise começou em 2016 com a quebra da safra do milho e, em 2017, tivemos o problema da Operação Carne Fraca, que fez com que o preço da carne caísse. Em 2018, temos essa somatória dos problemas dos anos anteriores”, lamentou.
Entre janeiro e maio deste ano, o preço do suíno vivo teve queda de quase 30% em São Paulo. A Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS) calcula que a cadeia produtiva acumula prejuízo de mais de R$ 31 milhões nos primeiros cinco meses de 2018.
“Nos primeiros quinze dias do ano nós começamos a vender nossa arroba a R$ 90. O pior momento, no entanto, foi em abril, quando nós vendemos a R$ 56. Atualmente, estamos vendendo em torno dos R$ 70, ainda abaixo do nosso custo de produção, que fica em torno de R$ 76 por arroba, com um milho que chega a R$ 44,50 a saca na região de Campinas”, disse Valdomiro Ferreira Júnior, presidente da APCS.
Com prejuízo acumulado, muitos suinocultores enfrentam problemas de fluxo de caixa nas granjas. “Como a crise começou em 2016 e persiste até hoje, eu precisei renegociar o meu crédito junto ao Banco do Brasil, já que ele vencia neste ano”, disse o suinocultor.
Para diminuir o problema de fluxo de caixa nas granjas, muitos suinocultores optaram por reduzir o ciclo de engorda dos animais. Com isso, o peso médio de abate dos animais caiu quase 10% no estado, saindo de 105 para 95 quilos. “Eu costumo vender meus animais com 91 quilos e, hoje, estou trabalhando com 85 quilos para o melhorar o meu fluxo de caixa e reduzir o consumo de ração”, concluiu Geraldo.
Frete mínimo
Outra preocupação do setor é com relação à tabela do preço mínimo do frete rodoviário. Para o presidente da APCS, o projeto pode elevar ainda mais o custo de produção da atividade. “Há três anos nós consumíamos farelo de soja a R$ 800 a tonelada e tínhamos custo de frete de R$ 80 a tonelada. Agora, para buscar farelo de soja em Rio Verde, nós pagamos R$ 1.350 a tonelada e o frete fica em R$ 220 por tonelada. A participação do frete no produto cresceu assustadoramente e, se mantiver a tabela, nós vamos ter aumento no custo em torno de 20% a 22%”, falou.